Por Leonardo Rezende CBN
Conselheiro do TCE-RJ, Domingos Brazão é um dos acusados de mandar matar Marielle. — Foto: Alerj
O novo relatório da Polícia Federal sobre o caso Marielle Franco aponta que Domingos Brazão tinha “relação simbiótica” com expoentes quadros da Polícia Civil do Rio. Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do estado e foi preso há dois meses como suspeito de ser um dos mandantes da morte da vereadora, em março de 2018.
A partir de informações do celular apreendido de um assessor de Brazão, a PF descobriu que ele tentou indicar a filha do ex-chefe de Polícia Civil Álvaro Lins para um cargo na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, como parte de um acordo com Lins, outro ex-chefe da Polícia, Ricardo Hallack, e o atual presidente da Casa, Rodrigo Bacellar.
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Em uma das interações verificadas consta a troca de mensagens entre Robson Calixto Fonseca, o Peixe, e Walter Laudier Angelo, salvo na agenda dele como "Waltinho Presidência Alerj".
O relatório não especifica quando foi o contato, mas mostra que Peixe pediu a Walter que a filha do “Dr. Álvaro Lins”, Mariana Gouveia Lins dos Santos, retornasse à Alerj. Nas mensagens, ele menciona que seria um pedido “do meu amigo aqui” – o que a PF aponta como uma provável menção ao seu chefe, Domingos Brazão.
De acordo com o Diário Oficial do Estado, Walter atuou como assessor da presidência da Assembleia Legislativa do Rio entre os meses de fevereiro de 2023 e 2024 - já no mandato de Bacellar, eleito no início do passado.
Apesar do pedido de Peixe, não foram encontrados atos recentes da Mesa Diretora em atendimento à solicitação. O último cargo de Mariana na Alerj foi em 2018, como assessora do Departamento de Preparo e Pagamento.
Lins é suspeito de envolvimento com milícia
Na CPI das Milícias, realizada pela Alerj em 2008, Álvaro Lins apareceu no relatório final como um dos chefes do grupo que atua no Largo do Tanque, em Jacarepaguá. O bairro na Zona Oeste no Rio é o mesmo que sofre influência das milícias controladas pela família Brazão, ainda segundo as investigações da Polícia Federal.
À CBN, Lins afirmou que não tem relação com Rodrigo Bacellar e negou o acordo para alocar a filha na Assembleia Legislativa do Rio. No entanto, ele admite que conhece Domingos Brazão há mais de 20 anos.
Hallack morreu no ano passado, após ser vítima de um acidente vascular cerebral.
Procurado, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, não respondeu aos questionamentos da CBN.
Ex-chefes de Polícia Civil já estiveram presos
Álvaro Lins e Ricardo Halack estão na lista dos ex-chefes da corporação que foram presos.
Desde 2008, foram quatro prisões: Rivaldo Barbosa, em 2024, acusado de participar da morte da vereadora Marielle Franco; Allan Turnowski, em 2022, suspeito de envolvimento com jogo do bicho; Álvaro Lins, em 2008, condenado por chefiar uma organização criminosa que usou a estrutura da Polícia Civil para praticar lavagem de dinheiro; e Ricardo Halack, no mesmo ano, denunciado pelo recebimento de propina.
Além de Domingos Brazão e Rivaldo Barbosa, também foi preso como mandante do assassinato de Marielle Franco o deputador federal Chiquinho Brazão. No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal na última quinta-feira, a PF pediu abertura de inquérito contra o parlamentar por "indícios veementes" de desvio de emendas para "obtenção de vantagens indevidas".
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