Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Por Rebeca Lima e Najla Fernandes (TV Cidade Verde)
Uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual a cada 8 horas no Piauí. Os dados são do Núcleo de Estatísticas da Secretaria de Segurança do Piauí (SSP-PI), que já registrou, de janeiro a abril deste ano, 370 casos de abuso e exploração sexual infantil no estado. Somente nos primeiros 14 dias de maio, foram feitas 29 notificações.
Ainda de acordo com o levantamento, os crimes mais comuns no Piauí são importunação sexual, estupro de vulnerável, registro não autorizado de intimidade sexual, corrupção de menores, favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de crianças, adolescentes ou vulneráveis.
Neste sábado, 18 de maio, é marcado pelo Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes. O conselheiro tutelar de Teresina Ivan Cabral alerta que, em muitos casos, o agressor convive com a vítima.
“É triste a gente dizer isso, mas é a realidade: o abusador está dentro do seio da família, inclusive muitas vezes é o próprio pai, que tem a responsabilidade de cuidar, de proteger, mas é o primeiro a violar”, pontua.
A violência acontece também pelas redes sociais e ambientes virtuais. O menor que é abusado sexualmente sofre ainda a tortura do medo.
A psicóloga Maria Clara Mendes, que trabalha em um abrigo em Teresina que recebe crianças de zero a 11 anos que sofreram violação de direitos, conta que muitas vítimas chegam a mudar seu comportamento devido aos abusos.
“Alguns fatores são importantes quando elas chegam aqui, como a frequência dessa violência, quem perpetrou essa violência, o grau da própria violência que teve no abuso e como a rede de apoio acolheu aquela criança. Quando elas chegam aqui, pode acontecer de apresentarem comportamentos hipersexualizados, autodestrutivos ou autolesivos, muita sonolência ou insônia, pesadelos, comer excessivamente ou falta de apetite”, destaca.
Ivan Cabral reforça a importância das denúncias para coibir a prática do crime e punir os agressores.
“Qualquer cidadão tem a obrigação de fazer a denúncia, e a denúncia é anônima; não é revelado o nome da pessoa que relata a denúncia. Deve-se procurar o Conselho Tutelar, a Polícia Militar, a Polícia Civil e a própria Guarda Municipal. E o mais importante são as escolas, porque boa parte das crianças passa muito tempo dentro das escolas. Então, o professor e a direção da escola têm mais facilidade de identificar a violação dos direitos, inclusive o abuso sexual”, finalizou o conselheiro.
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