Por Débora Costa
— Belo Horizonte
22/04/2024 19h14 Atualizado há 12 horas
Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue. — Foto: Reprodução
Minas Gerais bateu recorde de mortes por dengue em 2024. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, 288 pessoas morreram em decorrência da arbovirose na atual epidemia.
Em apenas quatro meses, o número já superou a quantidade de mortes registradas em todo ano de 2016, que, até então, era considerado o pior cenário epidemiológico de dengue. Na ocasião, 281 mortes pela doença foram registradas no estado.
Os dados atualizados foram divulgados nesta segunda-feira (22). Além dos óbitos já confirmados, outras 730 mortes suspeitas por dengue seguem em investigação em Minas Gerais.
O estado também já tem quase meio milhão de casos confirmados da doença em 2024. Mas, conforme a SES, o número de pessoas infectadas pelo vírus pode ultrapassar um milhão, considerando que grande parte dos pacientes não faz exames.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdoscimi, avaliou que o recorde de mortes está associado à maior quantidade de casos da doença. Mas, segundo ele, a letalidade neste ano está menor.
"Nós temos a menor letalidade da nossa série histórica. A letalidade é a proporção de óbitos sobre os casos graves. Portanto, o trabalho que a gente vem realizando junto aos municípios de capacitação, ele surte efeito, porque estamos hoje com 3,5% de letalidade. Tivemos em outros anos de epidemia mais de 10% de letalidade. Caso tivéssemos uma letalidade tal como foi nos anos anteriores, o número de mortes seria muito maior", disse.
O subsecretário também explicou os fatores que levaram à pior epidemia da história, como a circulação conjunta de diferentes sorotipos de dengue.
"A circulação de mais um sorotipo, por exemplo, a gente tem a predominância do sorotipo 1, mas teve uma crescente bastante representativa do sorotipo 2 e do sorotipo 3 aqui na região metropolitana de Belo Horizonte. Então, a gente está falando de co-circulação de três sorotipos, o nosso sistema imune não está preparado para esses sorotipos que vem circulando com maior representatividade. A outra situação contribuiu muito para essa epidemia. Só aqueles calores excessivos acompanhados de grandes pancadas de chuva. Esse fator climático é tudo que o mosquito quer para viver mais dias e reproduzir mais rápido", avaliou.
O gestor afirmou, ainda, que apesar do recorde, a epidemia de dengue em Minas está desacelerando. Segundo ele, a maior sobrecarga atualmente do sistema de saúde já está associada às doenças respiratórias sazonais.
Apesar disso, as ações de controle do mosquito Aedes aegypti, transmissor dessa e de outras arboviroses, seguem em curso, assim como a vacinação contra a dengue para crianças e adolescentes, de 10 a 14 anos. Em Minas, a imunização não foi ampliada para o público de 4 a 59 anos, pois o estado não recebeu doses com vencimento próximo.
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