Por Leonardo Rezende
— Rio de Janeiro
13/04/2024 15h42 Atualizado há uma hora
Porta de estabelecimento marcada por tiro. — Foto: CBN
Empresários de Seropédica, na Baixada Fluminense, denunciam que milicianos cobram taxas pra permitir o funcionamento do comércio há, pelo menos cinco anos. O caso veio à tona cinco dias depois dos intensos confronto que resultaram na morte de um estudante da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Neste sábado (13), moradores fizeram um ato pela paz no município.
O valor das taxas varia de acordo com o tamanho do estabelecimento.
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Bernardo Paraízo foi atingido por uma bala perdida durante um tiroteio entre milicianos que disputam o controle da região. Os confrontos se intensificaram de fevereiro pra cá, após a morte de um dos chefes dos três grupos que tentam dominar a cidade de Seropédica, considerada estratégica pela proximidade de rodovias importantes.
Mas, segundo relatos, não é de hoje que moradores e empresários vivem assustados com a atuação de milicianos:
"Há mais ou menos uns seis ou cinco anos atrás, vieram na minha loja e falaram que teria segurança e seria cobrada uma taxa, que deveria ser de R$ 80 reais, mas como estávamos em uma crise, seria de R$ 40 reais. E a partir daí começaram a vir pegar esse dinheiro a cada semana."
Na segunda-feira, além de Bernardo, duas crianças foram baleadas. Uma delas permanece internada em estado grave, precisando de doações de sangue.
Neste sábado, a população ainda tentava voltar à rotina. Enquanto moradores, professores e alunos da Rural faziam um ato pela paz, o comércio funcionava normalmente, mas os vendedores relatavam baixo movimento. Alguns estabelecimentos ainda tinham marcas da violência. Numa loja de utensílios, uma geladeira estava com um furo causado por um dos disparos.
O promotor de vendas Jonathan Farias trabalhava no dia do tiroteio e chegou a ser atingido por estilhaços de bala.
"Tava trabalhando todo mundo aqui, do nada começou um tiroteio, todo mundo correndo de um lado para o outro. A única coisa que eu pude fazer é me esconder atrás de uma pilastra. Quando deram tiro na pilastra que eu tava me atingiram. Fui para a UPA, tiraram estilhaços do meu braço, da perna também, que está um pouco ferida ainda."
Até agora, nove pessoas foram presas por envolvimento nos confrontos de segunda-feira. Duas delas no mesmo dia e outras sete numa operação da PM na comunidade Campinho de Areia. Na quarta-feira, após uma perseguição, a Polícia Civil pediu a prisão de Jefferson Araújo dos Santos, chefe de uma das facções que disputam territórios na região.
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