Por Samantha Klein
— Brasília
15/03/2024 14h50 Atualizado há 17 horas
Ex-comandante da FAB, Carlos Baptista Junior — Foto: CECOMSAER/Divulgação
Nesta sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes derrubou o sigilo dos depoimentos dos ex-comandantes do Exército e Aeronáutica. Depoimentos dos ex-comandantes mostram que o ex-presidente Bolsonaro não somente sabia, como defendia um golpe de Estado.
Os depoimentos foram realizados de forma em que as defesas não tinham conhecimento do que cada investigado vinha a depor. O ex-comandante da Aeronáutica, o general Carlos Baptista Jr., afirmou que a trama golpista poderia ter se consumado se houvesse o aval do general Freire Gomes, comandante do Exército. No entanto, ambos rejeitaram em mais de uma oportunidade a adesão a esse plano golpista, até porque várias reuniões ocorreram depois do segundo turno das eleições.
Baptista, no depoimento aos policiais, relatou que o general Freire Gomes chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão em uma reunião que ocorreu no dia 7 de dezembro de 2022, no Palácio da Alvorada, caso o então presidente levasse adiante essa proposta. Baptista ainda respondeu que a negativa do comandante do Exército à minuta do decreto que viabilizasse esse golpe de Estado foi determinante para que a possibilidade não seguisse em frente. O Brigadeiro ainda afirmou que o ex-presidente falava em parar eventuais abusos e prender o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
O ex-comandante da aeronáutica Carlos Almeida Jr. Baptista Jr. ainda relatou que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, apresentou a minuta para que os comandantes das forças tivessem conhecimento e fizessem uma revisão desse texto. Essa minuta seria para o estabelecimento de uma GLO, ou Estado de Defesa, para evitar a posse de Lula. Essa reunião aconteceu na manhã de 14 de dezembro de 2022, ou seja, poucas semanas após o segundo turno das eleições.
A reunião, inclusive, ocorreu no gabinete do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira. O tenente Brigadeiro Baptista Jr. questionou se esse documento previa, portanto, o impedimento da posse de Lula, o que o ministro Paulo Sérgio acabou não respondendo. E Baptista Jr. ainda disse que não admitiria sequer receber esse documento, e foi acompanhado do general Freire Gomes.
Almirante foi alvo de hostilidades
Já o almirante Almir Garnier, que era o comandante da Marinha, não expressou qualquer discordância em relação a essa minuta golpista. Depois desse encontro, inclusive, o ex-comandante da aeronáutica começou a receber ataques nas redes sociais, sendo chamado de traidor, entre outros constrangimentos.
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