Por Felipe Igreja
— Brasília
19/03/2024 11h58 Atualizado há 16 horas
Jair Bolsonaro teria falsificado seu cartão de vacinação e também o de sua filha, Laura Bolsonaro. — Foto: Reprodução
No relatório em que indicia Jair Bolsonaro por fraude no cartão de vacina, a Polícia Federal tem provas e dados que mostram que o documento falso foi impresso por Mauro Cid dentro do palácio da Alvorada, residência oficial da presidência da República.
Inicialmente, a PF suspeitava do uso de um computador do Planalto para emitir o certificado falso de vacina de Bolsonaro e da filha. Mas as investigações confirmaram que o equipamento utilizado estava dentro do Palácio da Alvorada.
Segundo os investigadores, Mauro Cid recebeu de Bolsonaro a ordem para gerar os certificados falsos dele e da filha adolescente do ex-presidente.
A apuração do caso confirmou depois que Cid estava no Alvorada nos dias em que o certificado falso foi gerado. A PF conseguiu inclusive rastrear a impressora utilizada pelo militar para imprimir o documento. A prova obtida pela PF corrobora ainda o depoimento de delação premiada de Cid.
Em delação premiada, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirma que recebeu a ordem do ex-Presidente da República, JAIR BOLSONARO, para fazer as inserções dos dados falsos no nome dele e da filha LAURA BOLSONARO; QUE esses certificados foram impressos e entregue em mãos ao presidente.
As impressões, segundo a PF, foram feitas nos dias 22 e 27 de dezembro de 2022, dias antes de Bolsonaro deixar a presidência da república.
Além de Bolsonaro, a PF indiciou outras 16 pessoas pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistemas de informação. Entre os indiciados estão Mauro Cid e o deputado Gutemberg Reis, que teria se beneficiado do esquema.
A Polícia Federal afirma ainda que esse caso pode ter ligação com a apuração do golpe de Estado. Isso porque a PF fez uma ligação entre os casos, entendendo que o uso do certificado de vacinação falso, poderia oferecer os documentos necessários para cumprir requisitos legais para permanecer no exterior, nesse caso nos EUA.
A criminalista Juliana Bertold explica que essa informação sobre a utilização, ou não, do documento falso poderia, sim, agravar a situação do ex-presidente.
"Isso é importante para o processo como um todo, mas eu entendo que não há uma afetação direta aos crimes da associação criminosa e da falsificação do documento público que se exaure com a falsificação em si. Não é necessário o uso do documento para a gente ter o exaurimento da conduta da falsificação" declarou Juliana.
Para a defesa do ex-presidente, trata-se de perseguição política e tentativa de esvaziar o capital político de Bolsonaro. A defesa de Mauro Cid não se manifestou no caso.
Além de Mauro Cid, a mulher dele também foi indiciada por ter feito parte da falsificação de cartões de vacina dela e das filhas. Também, os advogados do deputado Gutemberg Reis afirmam que, primeiro, querem ter acesso aos documentos dessa investigação antes de ter um posicionamento. Com o indiciamento, a Polícia Federal encerra a sua parte na apuração desse caso e vai encaminhar a documentação agora para a Procuradoria-Geral da República.
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