29/03/2024 06h00 Atualizado há uma hora
Sintomas doenças — Foto: Myke Sena: Ministério da Saúde
Dores de cabeça, no corpo e na garganta, coriza e tosse. Esses foram os primeiros sintomas sentidos pela jornalista Caroline de Paula, que fizeram com que ela pensasse em um simples resfriado. Mas, após algumas consultas médicas, uma surpresa nada agradável: Caroline estava com dengue e Covid-19.
"Eu peguei dengue e Covid senão no mesmo dia, num intervalo de, no máximo, 24 horas entre as duas infecções. Eu comecei tendo sintomas de resfriado muito forte. Eu tive uma dor muito forte no corpo todo e um formigamento que me fazia ficar muito mole, indisposta, como se eu tivesse com uma super câimbra me acometendo. São dores e sensações muito ruins mesmo e o problema é que corre o risco de ter uma reinfecção. Por isso, eu estou me cuidando aqui, ao máximo, para não acontecer de novo", relatou.
Em meio à pior epidemia de dengue da história do país, que já gerou mais de 2 milhões de casos, os serviços de saúde se preocupam com a chegada do outono, que é marcado pela maior quantidade de registros de doenças respiratórias sazonais, como gripe e bronquiolite. Alinhado a esse cenário, o país ainda enfrenta alta incidência de casos de Covid-19 e de mortes por síndrome respiratória aguda grave, devido à subvariante JN.1.
O infectologista da Fiocruz, Júlio Croda explica que é a primeira vez que uma epidemia de dengue, nessa magnitude, se encontra com o período de doenças respiratórias no país. Dessa forma, é possível se confundir em relação aos sintomas.
"A gente sabe que dengue não tem sintomas respiratórios. Então quem está na ponta, nesse momento, principalmente os profissionais de saúde, tem que ficar bem atento para fazer esse diagnóstico diferencial. A gente pode ter pacientes com febre, com dor no corpo, isso pode ser dengue e pode ser uma infecção pelos vírus respiratórios, mas o que vai diferenciar do ponto de vista de sintoma é a presença de sintomas respiratórios, que é muito mais frequente nessa sazonalidade dos vírus respiratórios", explicou.
O presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Adelino Freire Júnior recomenda uma reavaliação médica dos sintomas, após os primeiros dias, combinada com a testagem.
"Com alguns dias de evolução, as coisas que ficam um pouco mais claras. Então, para aquele paciente que começa com febre mais alta, dor no corpo, que de repente evolui para manchas pelo corpo, dor atrás dos olhos, faz um exame, um hemograma e tem plaquetas mais baixas, por exemplo, esse paciente é muito sugestivo que ele tem um quadro dengue. Ao passo que um paciente que também tenha febre alta, dor no corpo e evolui com tosse, ele pode estar com um quadro de Influenza, de gripe. E, claro, é importante usar testes diagnósticos que possam elucidar principalmente nessa fase inicial", disse.
O educador físico Daniel Rodrigues teve Covid-19 após o Carnaval e, quando começou a se recuperar, ele também pegou dengue. Daniel disse que alguns sintomas das doenças foram iguais.
"A Covid eu desconfiei que era Covid por causa do cansaço, já a dengue eu não desconfiei nem um pouco. A febre era igual, por exemplo, a dor no corpo é igual. Mas, a questão do cansaço foi muito nítida pra mim sabe. Eu, até nos primeiros dias de aula, eu estava muito ruim, estava na metade da explicação dos exercícios físicos e já muito cansado, é perceptível isso com a Covid", contou.
No caso das crianças, os infectologistas destacam que essa época do ano é marcada também pelo aumento da circulação do vírus sincicial respiratório, que é a principal causa da bronquiolite. A doença é responsável pelo aumento de internações desse público e já representa 21,5% de quadros de síndrome respiratória aguda grave no país, segundo a Fiocruz. Nesses casos, os pacientes podem apresentar chiado no peito, esforço respiratório e coriza, além da necessidade do uso de oxigênio para a melhora dos sintomas.
Essa época também é propícia ao aparecimento de sinusites e rinites alérgicas. Com relação à primeira, entre os principais sintomas estão a dor e pressão nos seios da face, além de secreção nasal. Já as rinites são acompanhadas, por exemplo, de crises de espirro, entupimento e coceira nasal, podendo atingir também olhos, ouvidos e garganta.
Para prevenir o aparecimento de parte dessas doenças, os especialistas reforçam a vacinação contra a influenza, covid-19 e dengue, que têm ficado muito abaixo da meta de 90%. Além disso, para conter os sintomas respiratórios, é recomendável o uso de máscaras pelos pacientes em ambientes de risco, como dentro de unidades de saúde.
No caso das arboviroses, a prevenção consiste na remoção dos focos do mosquito Aedes aegypti, além do uso de repelentes e roupas que cubram locais mais expostos às picadas, como pernas.
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