O segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí foi marcado por enredos que destacavam questões raciais e personalidades negras da história. Os destaques ficaram por conta da Unidos do Viradouro, Mangueira e Unidos de Vila Isabel.
Mocidade Independente de Padre Miguel
Mocidade Independente de Padre Miguel — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
Com um samba enredo que virou hit antes mesmo do carnaval, a Mocidade levantou a Sapucaí com o enredo "Pede caju que dou... Pé de caju que dá!", que exaltou a fruta tipicamente brasileira. A escola entrou embalada pela plateia e inovou ao colocar uma bailarina da Comissão de frente em meio ao público na arquibancada.
O imponente abre-alas apresentou problemas na dispersão e precisou ser serrado para deixar a avenida, o que dificultou a saída de outras alas. Com isso, a agremiação precisou correr pra conseguir fechar o desfile a tempo.
Portela
Desfile da Portela — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
Com um enredo carregado de emoção e simbolismo, a Portela levou para a avenida a força da mulher negra com o enredo "Um Defeito de Cor", baseado no livro de Ana Maria Gonçalves.
O desfile com forte apelo político homenageou a mãe preta, Luisa Mahim, e trouxe o ministro dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida, como o filho da protagonista, Luiz Gama.
Fechando a apresentação, uma emocionante homenagem às mães vítimas da violência levou 16 mulheres à avenida, incluindo a mãe da vereadora Marielle Franco.
Mesmo com problemas no abre-alas, o que dificultou o andamento do desfile, a escola apresentou um carnaval de alto nível e impressionou o público.
Vila Isabel
Desfile de Vila Isabel — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
A Vila Isabel levou para a avenida a reedição do enredo "Gbala — Viagem ao templo da criação”, de 1993, cujo samba foi composto por Martinho da Vila. A história é costurada por uma lenda africana na qual as crianças são convocadas a salvar o mundo. Foram elas as responsáveis pelo sucesso da comissão de frente, que impressionou a plateia. Mas o desfile não empolgou a plateia.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcinho e Cris Caldas, trouxe uma inovação controversa: eles se apresentaram no escuro, apenas iluminados pelas fantasias com iluminação de led. Mas as luzes não funcionaram como esperado.
Mangueira
Maria Bethania em desfile da Mangueira — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
Com um desfile marcado por muita emoção, a Mangueira apostou em uma homenagem à cantora mangueirense Alcione para disputar o título. A agremiação, que já levou cinco títulos com enredos-homenagem, investiu em um desfile convencional que funcionou ao contar a origem maranhense, a vinda para o Rio e história da cantora no samba.
Muito emocionada ao longo da apresentação, a grande estrela da noite cantou sucessos no esquenta e deu o recado antes da entrada.
Já na dispersão, uma mulher caiu de cima do último carro, onde estava Alcione, e outra chegou a ficar pendurada quando parte da estrutura se soltou. As duas foram levadas ao hospital. Integrantes da escola tentaram impedir que testemunhas gravassem a cena.
Paraíso do Tuiuti
Paraíso do Tuiuti — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
A Paraíso do Tuiuti levou para Marquês de Sapucaí a história do marinheiro João Candido, líder da Revolta da Chibata, em 1910, com o enredo “Glória ao Almirante Negro!”. A rainha de bateria, Mayara Lima, e a bateria de mestre Marcão conquistaram o público.
Mas, com alegorias pouco elaboradas e samba lento, a apresentação não empolgou. O último carro apresentou problema e precisou ser carregado para fora da pista, o que atrasou o andamento do desfile e deve custar pontos.
Viradouro
Desfile da Viradouro — Foto: Pablo PORCIUNCULA / AFP
A escola encerrou a segunda noite de desfiles no sambódromo no Rio de Janeiro. O desfile, que apostou em cores florescentes, contagiou o público, com um samba-enredo que levou o povo à loucura. Por muito pouco, a escola não teve problemas com o tempo.
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