20/02/2024 06h13 Atualizado há uma hora
Frederico Meyer — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
O embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, retorna nesta terça-feira (dia 20) ao Brasil para atender a uma convocação do presidente Lula.
A vinda faz parte de uma sucessão de atos simbólicos dos dois países diante da crise diplomática desencadeada por uma declaração de Lula, que comparou os ataques aos palestinos na Faixa de Gaza ao extermínio de judeus praticado pelos nazistas no Holocausto.
A decisão de chamar de volta o embaixador foi tomada depois que o governo de Israel considerou o presidente brasileiro “persona non grata”. O anúncio de que Lula não será bem-vindo a Israel foi feito pelo ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, depois de uma “reprimenda oficial” ao embaixador brasileiro Frederico Meyer.
Em um gesto simbólico, a reprimenda ao embaixador foi feita no Museu do Holocausto, e não no Ministério das Relações Exteriores, como normalmente acontece. O diplomata passou por uma visita guiada sobre o extermínio de seis milhões de judeus.
No fim da reunião com Frederico Meyer, o ministro Israel Katz deu uma entrevista para a imprensa ao lado do embaixador brasileiro e anunciou que Lula seria “persona non grata” em Israel até que pedisse desculpas. Horas depois, Lula convocou de volta o embaixador brasileiro em Israel, após uma reunião de emergência no Palácio da Alvorada para tratar da crise diplomática.
Entre os que participaram do encontro estavam o assessor internacional, Celso Amorim; o chanceler Mauro Vieira e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Como está no Rio para reuniões preparatórias do G20, Mauro Vieira também convocou o embaixador israelense Daniel Zonshine para um encontro no Palácio Itamaraty, na capital fluminense. Segundo o Itamaraty, o chanceler manifestou surpresa e desconforto com o tratamento dado ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer. O governo brasileiro ressaltou que a reunião com o chanceler israelense foi em um lugar público, em hebraico, idioma que Meyer desconhece, e com termos inaceitáveis.
Depois do anúncio, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, voltou a dizer que Israel não mudará de ideia sobre o status do presidente Lula.
Repercussões no Congresso
Entrevista de Lula em hotel de Addis Abeba, na Etiópia. — Foto: Ricardo Stuckert / PR
A crise externa teve repercussão no Congresso brasileiro. Em nota, a frente evangélica disse que verbalizações desequilibradas, além de não representarem o pensamento da maioria dos brasileiros, comprometem a política internacional de forma desnecessária.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho, protocolou um requerimento convocando o chanceler Mauro Vieira para prestar esclarecimentos sobre os impactos gerados pelas declarações de Lula.
Na Câmara, um requerimento pedindo o impeachment de Lula já tem pelo menos 100 assinaturas. Os parlamentares acusam o presidente de crime de responsabilidade. Para que o requerimento seja protocolado, são necessárias 171 adesões.
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