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23 de fev. de 2024

Aeroporto de Congonhas: 4 meses após concessão, passageiros reclamam de infraestrutura



Por Guilherme Muniz

— CBN


23/02/2024 06h01 Atualizado há 54 minutos




A concessão do aeroporto de Congonhas, na zona sul da capital paulista, completou 4 meses nesta semana. O terminal recebe mais de 70 mil passageiros por dia e é o segundo mais movimentado do país. Passageiros com quem a reportagem da CBN conversou reclamam de problemas de infra-estrutura, além da superlotação de quiosques no saguão de embarque.


A empresa espanhola Aena pagou quase R$ 2 bilhões e meio pela concessão.


Nesse período, algumas alterações relevantes foram notadas pelos passageiros. Mas, algumas tem gerado transtornos no dia a dia.


Logo depois de passar pelo raio-x, os passageiros se deparam com 10 lojas diferentes, dos mais variados setores. Outras 140, segundo a Aena, estão divididas nos três andares do prédio, seja como ponto fixo, seja como quiosque.



O problema é que alguns dos quiosques ficam muito próximos de portões de embarque.


Essa é uma das reclamações do executivo de marketing Cristiano Caporici: "Quando eu chefgo no aeroporto, eu tenho observado Congonhas muito cheio. Minha sensação é de que o volume de pessoas não é condizente com o tamanho do aeroporto. Então, isso gera filas para passar pelo raio-x, as vezes até mesmo no deslocamento de um portão pro outro, tem tanta gente que a gente encontra dificuldades de passar com a mala. Não apenas os quiosques de alimentação, mas as ativações de marcas, os espaços de lojas e quiosques que estão tomando esse espaço que já é pequeno tem contribuído para dificultar esse deslocamento."


Nos últimos 5 anos, ele viajou por Congonhas a trabalho, cerca de uma vez por semana.


A reportagem da CBN esteve no terminal e flagrou uma cena inusitada: a fila de quem precisa embarcar pelo portão 4 precisa contornar dois quiosques que ficam nas proximidades, diminuindo a área para os passageiros.


E destaca que o terminal de embarque remoto - aquele feito por microônibus e não pelos fingers - tem sido cada vez mais utilizado.


A meta prevista em contrato é que apenas 30% dos passageiros embarquem pelos microônibus. Atualmente, o índice é de 43%.


Além do desconforto, a superlotação é tanta que alguns passageiros acabam confundindo em que fila devem ficar.


Ele avalia que Congonhas tem ficado para trás em relação a outros terminais não tão movimentados, em outros estados: "Quando eu olho pra aeroportos menores - Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte (apesar de ser um grande aeroporto) -, a experiência em todos eles, a minha sensação é que vem evoluindo. Quando eu desembarco, eu percebo espaço, volume de pessoas menor, mais opções de transporte e gastronomia, pontos de embarque em transporte por app muito melhor sinalizados, na comparação Congonhas vai se tornando quase que um patinho feio entre os aeroportos que eu utilizo pelo Brasil"



A aposentada Maria Beatriz Cunha se preparava para embarcar de volta a Salvador quando revelou à reportagem da CBN uma situação nada agradável: "Eu tô me preparando pra ir ao banheiro. Porque da vez, quando eu cheguei, eu não gostei do aspecto do banheiro. Eu tô aqui querendo ir ao banheiro, mas querendo e não querendo..."


Já a escritora Mercedes Gamêro contou a experiência que teve ao usar um elevador para ajudar a transportar a mãe dela numa cadeira de rodas: "O elevador grande que a gente pega com cadeira de rodas é assustadoramente sujo. Talvez falte manutenção em algumas áreas, mas esse elevador que a gente pegou falta muita manutenção. Muito sujo, feio... o botão não funciona. Umas coisas assim."


Em novembro do ano passado, a CBN revelou que diversas portas do terminal de desembarque haviam sido fechadas pela nova administração, forçando passageiros a caminharem até uma saída em frente ao ponto de taxi. A mudança dificultou o acesso aos carros por aplicativo. Depois da reportagem ir ao ar, as portas foram abertas novamente.


A CBN tentou entrevistar representantes da Aena, mas eles optaram por se manifestar em nota.


A empresa alega que assumiu a gestão de Congonhas há apenas quatro meses e que recebeu o terminal com problemas de infraestrutura, além de equipamentos antigos, obsoletos ou sem manutenção adequada


A promessa é de concluir a reforma dos banheiros, ampliação da sala de embarque remoto e readequação do ar-condicionado ainda em 2024.


A Aena informou que negocia com empresas de transporte por aplicativo, cooperativas de taxis e órgãos públicos para melhorar o fluxo de veículos no terminal. O objetivo é criar um bolsão de estacionamento apenas para carros por aplicativos. Questionada se o espaço para transporte privado diminuiu em detrimento do espaço para taxis, a Aena optou por não responder.



Sobre os quiosques no terminal de embarque, a concessionária informou que cumpre contratos firmados antes de assumir a gestão do local e que negocia mudanças de contratos para poder trocar a localização de alguns dos pontos comerciais.

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