Por Samantha Klein, CBN — Brasília
28/12/2023 15h48 Atualizado há uma hora
Ministro da Fazenda Fernando Haddad — Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A reoneração da folha de pagamento, anunciada nesta quinta (28) pelo Ministério da Fazenda como estratégia para cumprir a meta de déficit zero, já enfrenta resistência de setores empresariais e de líderes no Congresso.
A ideia do governo é retomar a reoneração da folha de pagamentos de forma gradual e com percentuais de contribuição patronal sobre o salário em patamar menor do que 20% para alguns ramos da economia. Além dos 17 setores beneficiados, outros poderão ser agregados.
Segundo o governo, as atividades que mais empregam serão beneficiadas. De acordo com o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, haverá uma faixa de 10 a 15% sobre o valor referente ao primeiro salário, reduzindo significativamente o benefício. Barreirinhas ainda ressaltou que a medida exigirá a manutenção dos empregos:
'A adesão será voluntária e as empresas terão de se comprometer com a empregabilidade. A empresa somente terá benefício se mantiver os patamares de emprego verificados em primeiro de janeiro de cada exercício', afirma o secretário.
A medida, na prática, derruba a prorrogação da desoneração da folha até 2027, proposta que foi vetada pelo governo e que teve o veto derrubado pelo Congresso.
O autor da proposta que prorrogou o benefício, o senador Efraim Filho critica a edição de medida provisória e diz que o assunto deveria ser discutido em forma de projeto de lei. Segundo o senador, a MP traz insegurança jurídica para o empreendedor.
O presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo, Joaquim Passarinho, afirma que a discussão é válida, mas devia ser discutida no Congresso antes de entrar em vigor. Passarinho prevê nova derrota do governo:
'Como já derrubamos o veto à desoneração, podemos derrubar a MP. A discussão deveria ser alvo de projeto de lei, com maior debate sobre o tema. Mas é do jogo político. Só não entendo o porquê de o governo buscar este desgaste político', declara.
A MP ainda prevê medidas compensatórias com a intenção de cobrir rombo de R$ 12 bilhões em desonerações. O governo federal vai limitar a 30% ao ano o valor total da compensação de créditos fiscais.
A regra vai valer somente para empresas que tenham créditos em montantes superiores a R$ 10 milhões. A compensação ocorrerá em até cinco anos, e, segundo o ministro Haddad, a medida vai ajudar a conter a sangria das compensações, mas sem prejudicar as empresas.
O pacote também prevê a revisão das compensações do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), criado em meio à pandemia da covid-19. A
A MP vai manter a isenção de imposto de renda para o setor em 2024, mas volta a cobrar tributos federais em maio do ano que vem.
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