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3 de dez. de 2023

Morre Nêgo Bispo, pensador, escritor e ativista social quilombola piauiense, aos 63 anos

 Foto arquivo pesoal

Por Roberto Araujo e Yala Sena

Morreu neste domingo (3), aos 63 anos, o escritor, pensador, professor, ativista social quilombola piauiense Antônio Bispo dos Santos, conhecido como Nêgo Bispo. Ele desmaiou em uma área de lazer na comunidade quilombola Saco Cortume, em São João do Piauí, foi levado ao hospital regional do município, mas não resistiu e faleceu. A morte foi causada por uma convulsão seguida por parada cardíaca.

De acordo com a Comunidade Quilombola Saco Cortume, Nego Bispo enfrentava diabetes e, há alguns dias, estava com a saúde debilitada.

Nêgo Bispo é reconhecido como um dos principais pensadores do tema comunidades tradicionais do Brasil, autor de livros, artigos e textos que refletem sobre a resistência negra quilombola, a relação do humano com a natureza, a sabedoria dos povos tradicionais, a defesa do direito à terra pelas comunidades tradicionais, dentre outros.

Lacuna irreparável

A superintendente da Promoção da Igualdade Racial e Povos Originários, Assunção Aguiar, disse que a morte de Nêgo Bispo representa uma perda irreparável para as comunidades e o movimento intelectual negro.

“Sua partida deixa uma lacuna irreparável, é uma dor e uma perda para o movimento intelectual negro. Foi ele que rompeu como uma voz nacional. Perdemos a Suely e agora Nêgo Bispo. Não temos dimensão essas perdas, muita dor para quem convive com ele e para a juventude quilombola. Era um lavrador da palavra, como ele mesmo dizia”.  

Relembre: Nêgo Bispo em entrevista sobre consciência negra: "é uma luta diária"

"Relator de saberes": quem era Nêgo Bispo

Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, nasceu em 10 de dezembro de 1959 no então povoado Papagaio, atualmente município de Francinópolis. Lavrador, foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Francinópolis e diretor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura no Estado do Piauí (Fetag). 

Nêgo Bispo contava que fez parte da primeira geração da família a ter acesso à alfabetização, e que foi incentivado a ir para a escola por conta da necessidade de que alguém pudesse escrever cartas e zelar pela contabilidade da comunidade. Foi quando começou a ter gosto pela escrita poética. 

Tendo, por formação formação, o ensino fundamental completo, se tornou uma referência como pensador na defesa dos direitos das comunidades quilombolas, no acesso à terra, na relação do humano com a natureza, dentre outros.

Estava como membro da Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Piauí (CECOQ/PI) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (CONAQ)

Escreveu os livros “Quilombo, Modos e Significados” e “Colonização Quilombos: Modos e Significados”, além de vários outros artigos, também dirigiu o filme-documentário “O Jucá da Volta”, em parceria com o IPHAN.

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