A polícia resgatou uma vítima que seria executada pelo "Tribunal do Crime", em uma pequena cidade do interior de São Paulo. Duas pessoas foram presas por suspeita de tortura e cárcere privado. A tortura, filmada pelos criminosos, aconteceu na pacata Indiaporã, cidade a 600 km da capital paulista.
Em uma operação na manhã desta quinta-feira (16), policiais prenderam os dois traficantes: o que torturou, Inaldo Silva Viegas, o Chebel, e o que gravou o crime, Paulo Vinhatico de Carvalho. A polícia ainda libertou a vítima do cativeiro (veja no vídeo abaixo).
O delegado Ederson Aparecido Monteiro disse que se trata de um crime de tortura. "Existe materialidade pra isso, além das lesões nas mãos causadas por instrumento compatível com o apreendido no local, também foram identificados nas pernas da vitima queimaduras também compatíveis com bitucas de cigarro ou seja um requinte exato daquilo que se pode denominar como tortura", explicou.
O rapaz que escapou da morte no interior é um exemplo de um problema grave e que só aumenta em São Paulo. Nunca o crime organizado matou tanta gente pra fazer o que os bandidos chamam de "justiça".
Pelo menos metade das mortes investigadas pelo Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) atualmente são do Tribunal do Crime. Oficialmente, o DHPP só considera um caso como Tribunal do Crime se ele for esclarecido dessa forma. Só este ano, foram 11 com 15 presos, mas os muitos inquéritos que acabam arquivados não entram nessa conta.
"O Tribunal do Crime existe na verdade dentro da estrutura Primeiro Comando da Capital (PCC)", explica a desembargadora Ivana David. "Ele funciona teoricamente como deveria funcionar dentro do sistema de justiça para alguém que comete o crime. Você tem uma sociedade que cria regra lei entre aspas cria penas para aqueles que não cumpre a suas leis e executa aquela sentença, em via de regra de morte, tudo paralelamente ao sistema de justiça e ao estado e isso é muito preocupante."
Piora ainda mais a situação, o fato de que os homens do Tribunal do Crime fazem questão de não se esconder. A morte de Roberto Hipólito, no dia 16 de setembro, começou com um vídeo de uma discussão em um bar, na zona norte da capital paulista.
Horas depois, Roberto foi julgado e executado pelo Tribunal do Crime. Como costuma acontecer na maioria dos casos, o corpo dele não foi encontrado. Entre as muitas vítimas que seguem desaparecidas no estado, dois são policiais civis: o escrivão Thiago Marcondes e o investigador Fernando José Duarte da Silva, que foi visto pela última vez perto da comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo.
Paraisópolis é considerada hoje uma espécie de Suprema Corte do Tribunal do Crime. Todo veredito passa por lá.
Fonte: SBTNews
Nenhum comentário:
Postar um comentário