Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com
Anderson Figueredo quando foi preso em julho
Por Bárbara Rodrigues
O juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, determinou a soltura de Anderson Figueredo do Amaral que é acusado pela tentativa de feminicídio e descumprimento de medida protetiva contra a influencer e designer de sobrancelhas Nathalia Cantuário, com quem era casado e tinha se separado antes do crime. A decisão ocorreu nesta segunda-feira (20) durante a audiência de instrução e julgamento. Ele estava preso desde o dia 31 de julho.
O advogado Carlos Eduardo, que faz a defesa do acusado, afirmou que ocorreu excesso de prazo e que Anderson Figueredo não apresenta periculosidade, e que pode responder ao processo em liberdade.
“A audiência percorreu até determinado ponto, e então nós requeremos o relaxamento da prisão e isso foi acatado pelo Ministério Público e pelo juiz, pois apontamos que ocorreu excesso de prazo e também por ele se tratar de réu primário, por ter bons antecedentes, ele não tinha nenhum processo, então não demostrava periculosidade, e que ele poderia responder em liberdade e isso foi acatado pelo juiz”, afirmou o advogado.
Atualmente Anderson Figueredo estava preso preventivamente na Cadeia Pública de Altos. “Estamos esperando a expedição do alvará de soltura. Atualmente ele está recluso na CPA, então ele não é solto imediatamente. Só depois que for expedido o alvará”, explicou.
Foto enviada ao Cidadeverde.com
Anderson na audiência
O juiz Antônio Nollêto deve marcar outra audiência de instrução e julgamento. A defesa afirmou que segue com o posicionamento de que Anderson não tinha a intenção de matar a esposa Nathália Cantuário.
“A audiência percorreu até determinado ponto, mas faltaram duas testemunhas e o juiz deve marcar outra audiência. Continuamos com o posicionamento firme, de que não era a intenção dele de atentar a vida da sua esposa, e o que ocorreu foi uma discussão que gerou lesões e não uma tentativa de feminicídio. E muito menos que tenha sido algo premeditado. As circunstâncias não demonstram isso”, apontou o delegado de defesa Carlos Eduardo.
As acusações
A vítima Nathália Cantuário
A delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu o inquérito e indiciou Anderson Figueredo por tentativa de homicídio qualificado, com a qualificadora de feminicídio e meio ardil. O casal estava separado desde o dia 16 de julho, quando ela foi agredida e registrou um boletim de ocorrência contra ele. Desde então, ela tinha uma medida protetiva e ele não podia se aproximar da vítima. No entanto, no dia 27 de julho, ele aplicou cerca de 25 facadas em Nathalia Cantuário.
Segundo a delegada, Anderson não aceitava o fim do relacionamento e no dia do crime, ele chamou uma pessoa aleatória da rua para bater na porta da residência da vítima, que estava atendendo uma cliente, porque sabia que Nathalia Cantuário não abriria a porta para ele.
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A delegada disse que quando a vítima abriu a porta, ele iniciou o ataque, e que Nathalia só conseguiu sobreviver porque lutou com o acusado. Por isso, as facadas acabaram atingindo a região das pernas.
"A vítima e testemunhas relataram que quando ele entrou, foi direto para o pescoço da vítima. Ou seja, ele a esganou, deu socos em seu corpo, e ambos entraram em luta corporal, momento em que ele puxou a faca e realizou as perfurações na região da perna. Questionaram se isso configuraria tentativa de feminicídio, e nosso entendimento é que sim, porque houve uma luta corporal e a vítima não estava passiva em relação ao agressor, então ele procurou locais onde tinha mais facilidade para atingi-la", destacou.
Vítima relatou medo
Após o crime, a vítima Nathalia Cantuário relatou ao Cidadeverde.com que eles viveram juntos por quase 11 anos, mas nos últimos três anos ele passou a ser mais possessivo.
"De três anos para cá, ele vinha com um ciúme muito doentio, possessivo. Tinha ciúme de tudo, de eu vir para a casa da minha mãe sozinha e de eu ter amizades. Sempre encontrava defeitos nas minhas amizades. Ele me controlava através das redes sociais, tinha acesso ao meu celular, meu WhatsApp. Meu e-mail estava logado no celular dele. Isso foi desgastando nosso relacionamento, e eu me sentia muito sufocada. Acho que esse ciúme talvez tenha relação com minha independência financeira. Nós trabalhávamos juntos, mas a partir do momento em que comecei a trabalhar, ganhando minha independência financeira, meu dinheiro, fazendo minhas coisas, acho que talvez tenha sido isso", relatou.
Após a prisão, a defesa chegou a alegar que Anderson não tinha a intenção de matar, um argumento criticado por Nathalia Cantuário.
"Tenho várias provas do que ele realmente é capaz de fazer comigo. São 25 facadas, precisa de mais alguma coisa para provar a tentativa de feminicídio? Ele sabia da medida protetiva e mesmo assim foi capaz de fazer isso. Ele desrespeitou a medida. E ele ficando solto? Quero ele preso. Se ele ficar preso, para mim, será um alívio; se ele ficar solto, quem vai ficar presa sou eu. Ele terá que pagar pelo que fez", finalizou.
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