Foto: Câmara dos Deputados
O deputado Flávio Nogueira (PT/PI) usou a Tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (8), para fazer um alerta sobre o avanço do processo de desertificação no Brasil, principalmente, na região do semiárido nordestino.
O parlamentar destacou que as mais recentes imagens de satélites revelam que existem quatro áreas consideradas núcleos de desertificação no país, todas localizadas na Caatinga, único bioma genuinamente brasileiro.
As áreas citadas pelo deputado concentram-se em Gilbués, no Piauí; Irauçuba, no Ceará; Cabrobó, em Pernambuco; e na região do Seridó, que abriga municípios do Rio Grande do Norte e da Paraíba. “A pior situação registrada está no Piauí, no chamado ‘Deserto de Gilbués’, região bastante degradada, que abrange uma área maior que a da cidade de Nova York”, observa Flávio Nogueira.
Em outro momento, fora da Tribuna, o parlamentar mencionou estudos recentes que apontam uma intensa degradação do solo em outras áreas do semiárido nordestino. “Atualmente, 13% do semiárido estão ameaçados por um avançado processo de desertificação. Isso corresponde a 21 vezes o território do Distrito Federal. E é uma área maior do que a de países como Portugal e Coreia do Sul”, compara o petista.
Outras regiões do país
Conforme o deputado, embora as áreas mais degradadas fiquem no Nordeste, o processo de desertificação ocorre em outras regiões do país, como o Norte de Minas Gerais e parte do Espírito Santo. “E tem regiões do Mato Grosso e do Tocantins, dentro do bioma Cerrado, que também estão ameaçadas de desertificação pela ação das queimadas”, informa.
Flávio Nogueira disse que vai procurar o Ministério do Meio Ambiente e o Ibama para discutir o problema da desertificação no país. “O governo Lula demonstra preocupação com o meio ambiente e existem muitos trabalhos científicos sobre o assunto. Precisamos tomar providências e encontrar soluções para combater o processo de desertificação”, comenta o parlamentar.
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”
Na avaliação de Flávio Nogueira, quem mora nas áreas ameaçadas pela desertificação legitima a imagem popularizada no livro “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, que imortalizou a frase “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. “No caso do sertanejo nordestino, a luta começa desde cedo. É uma luta diária contra as adversidades, principalmente nas regiões mais áridas. Sobreviver nessas condições é um grande desafio”, sentencia o deputado piauiense.
Ele enfatizou que, quando se fala em deserto, a referência é uma terra sem cobertura vegetal, com acentuada escassez de água, com perda de biodiversidade, ou seja, um cenário muito difícil para a vida humana. “Esse cenário já é realidade nas áreas mais degradadas da Caatinga, bioma que perdeu 40% de superfície de água natural nos últimos 35 anos”, finalizou Flávio Nogueira.
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