Foto: Alan Santos/PR
O relatório final aprovado pela CPI do 8 de janeiro é aguardado por integrantes da PGR (Procuradoria-Geral da República) que investigam os ataques golpistas ocorridos em Brasília. Há a expectativa de que o documento possa ajudar a esclarecer ou a otimizar apurações já capitaneadas pelo órgão.
Considerando a dimensão dos atos de 8 de janeiro, que reuniu centenas de atores, e a proporção da investigação, acredita-se que o documento da comissão parlamentar mista de inquérito possa ajudar a elucidar pontos analisados pela PGR e até mesmo trazer novas provas que ensejem novos inquéritos.
Será necessário paciência, no entanto, uma vez que o relatório elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI, tem 1.333 páginas e precisará ser lido e filtrado com atenção.
Membros do órgão esperam que o material seja encaminhado para o subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, que coordena o Grupo de Combate aos Atos Antidemocráticos na PGR. A decisão sobre o destino do relatório caberá à procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, que deve receber o texto nos próximos dias.
Integrantes da PGR a par das investigações do 8 de janeiro ouvidos pela reportagem não descartam o oferecimento de uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um dos 61 indiciados pela CPI.
Eles alertam, contudo, que seria necessário ter em mãos uma prova consistente de seu envolvimento para sustentar a acusação. Do contrário, afirmam, o denunciado pode ser transformado em vítima perante a opinião pública.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, a senadora Eliziane Gama pediu o indiciamento de Bolsonaro pelos crimes de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
Segundo ela, diferentes fatos mostram "exaustivamente" que o ex-presidente "foi autor, seja intelectual, seja moral, dos ataques perpetrados contra as instituições, que culminou no dia 8 de janeiro de 2023".
A participação de Bolsonaro na teia golpista, segundo a senadora, foi exposta pelo programador Walter Delgatti Neto, o hacker da Vaza Jato, e pela delação premiada de seu principal ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
Em depoimento à CPI, Delgatti disse que a campanha de Bolsonaro planejou forjar a invasão de uma urna eletrônica em 2022 e que o próprio ex-presidente pediu que ele grampeasse conversas do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
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