Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com
O juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, marcou para o dia 20 de novembro de 2023, às 8h30, a audiência de instrução e julgamento de Anderson Figueredo do Amaral pela tentativa de feminicídio e descumprimento de medida protetiva contra a influencer e designer de sobrancelhas Nathalia Cantuário, com quem era casado e tinha se separado antes do crime. Eles possuem uma filha.
O crime ocorreu em 27 de julho, quando ele entrou na residência da vítima, que estava atendendo uma cliente, agrediu e aplicou cerca de 25 facadas nas pernas de Nathalia Cantuário. No dia 31 de julho, ele foi preso após cumprimento de mandado de prisão preventiva.
Agora, o juiz marcou para o dia 20 de novembro a audiência de julgamento e instrução, momento em que serão ouvidas a vítima e as testemunhas, e será realizado o interrogatório do acusado. Em seguida, serão realizados os debates orais.
Após isso, a defesa e a acusação terão um prazo para se manifestar, e posteriormente o juiz Antônio Nollêto decidirá se Anderson Figueredo será julgado pelo Tribunal do Júri.
As acusações
A delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu o inquérito e indiciou Anderson Figueredo por tentativa de homicídio qualificado, com a qualificadora de feminicídio e meio ardil. O casal estava separado desde o dia 16 de julho, quando ela foi agredida e registrou um boletim de ocorrência contra ele. Desde então, ela tinha uma medida protetiva e ele não podia se aproximar da vítima. No entanto, no dia 27 de julho, ele aplicou cerca de 25 facadas em Nathalia Cantuário.
Segundo a delegada, Anderson não aceitava o fim do relacionamento e no dia do crime, ele chamou uma pessoa aleatória da rua para bater na porta da residência da vítima, que estava atendendo uma cliente, porque sabia que Nathalia Cantuário não abriria a porta para ele.
A delegada disse que quando a vítima abriu a porta, ele iniciou o ataque, e que Nathalia só conseguiu sobreviver porque lutou com o acusado. Por isso, as facadas acabaram atingindo a região das pernas.
"A vítima e testemunhas relataram que quando ele entrou, foi direto para o pescoço da vítima. Ou seja, ele a esganou, deu socos em seu corpo, e ambos entraram em luta corporal, momento em que ele puxou a faca e realizou as perfurações na região da perna. Questionaram se isso configuraria tentativa de feminicídio, e nosso entendimento é que sim, porque houve uma luta corporal e a vítima não estava passiva em relação ao agressor, então ele procurou locais onde tinha mais facilidade para atingi-la", destacou.
Vítima relatou medo
Após o crime, a vítima Nathalia Cantuário relatou ao Cidadeverde.com que eles viveram juntos por quase 11 anos, mas nos últimos três anos ele passou a ser mais possessivo.
"De três anos para cá, ele vinha com um ciúme muito doentio, possessivo. Tinha ciúme de tudo, de eu vir para a casa da minha mãe sozinha e de eu ter amizades. Sempre encontrava defeitos nas minhas amizades. Ele me controlava através das redes sociais, tinha acesso ao meu celular, meu WhatsApp. Meu e-mail estava logado no celular dele. Isso foi desgastando nosso relacionamento, e eu me sentia muito sufocada. Acho que esse ciúme talvez tenha relação com minha independência financeira. Nós trabalhávamos juntos, mas a partir do momento em que comecei a trabalhar, ganhando minha independência financeira, meu dinheiro, fazendo minhas coisas, acho que talvez tenha sido isso", relatou.
Após a prisão, a defesa chegou a alegar que Anderson não tinha a intenção de matar, um argumento criticado por Nathalia Cantuário.
"Tenho várias provas do que ele realmente é capaz de fazer comigo. São 25 facadas, precisa de mais alguma coisa para provar a tentativa de feminicídio? Ele sabia da medida protetiva e mesmo assim foi capaz de fazer isso. Ele desrespeitou a medida. E ele ficando solto? Quero ele preso. Se ele ficar preso, para mim, será um alívio; se ele ficar solto, quem vai ficar presa sou eu. Ele terá que pagar pelo que fez", finalizou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário