Foto: Reprodução / UFDPar
É a primeira vez que os mais de 5 mil eleitores da instituição sediada em Parnaíba farão a escolha desde que a instituição foi criada, há cinco anos. Atualmente, a universidade é gerida por um reitor pró-tempore (provisório), que foi indicado para o cargo até que seja escolhido um reitor para um mandato regulamentar de quatro anos.
Dois candidatos participam do processo eleitoral: o atual reitor pró-tempore, professor João Paulo Macedo, da chapa 2, e a professora Milka Meireles, da chapa 3. O candidato Natanael Fontenele, que estava inscrito pela chapa 1, desistiu da candidatura.
A votação da comunidade universitária é apenas uma etapa para o processo de escolha do próximo reitor da instituição. Com o resultado da votação, o Conselho Universitário deverá formar uma lista tríplice e encaminhar ao Ministério da Educação. A decisão final cabe ao presidente da República, que pode escolher um dos três nomes da lista formada pela instituição.
O Cidadeverde.com conversou com as duas candidaturas, que têm em comum o fato de serem dois professores do mesmo curso: João Paulo Macedo e Milka Meireles são psicólogos por formação e também lecionam para o curso de Psicologia. Os dois também compartilham experiências na gestão, sendo que João Paulo Macedo é o atual reitor pro-tempore da instituição, desde janeiro, e Milka Meireles foi pró-reitora de Ensino de Graduação entre 2021 e 2023, durante a gestão do ex-reitor Alex Marinho.
Dentre os desafios apontados para a instituição, estão a efetivação do protagonismo junto ao desenvolvimento regional do Delta do Parnaíba, a assistência estudantil, os desafios para consolidação e crescimento da nova instituição, dentre outros.
João Paulo Macedo - Chapa 2
Desafios da UFDPar como universidade regional
Para o candidato da chapa 2, João Paulo Macedo, a instituição já nasce com essa característica na sua lei de fundação, e para isso, alguns desafios se impõem, como a implementação de cotas para priorizar o acesso de alunos da região.
"Temos que retomar essa discussão, para rediscutir essa resolução baseado nas boas práticas que outras universidades conseguiram lograr êxito com a regionalização. Debater com a sociedade de uma maneira geral até compreender, o próprio MP, OAB, setor educacional, para compreender a importância do argumento da cota regional, para avançar consensuado com a sociedade. Tivemos uma primeira experiência no edital complementar de vagas não preenchidas no SISU no 2023.2, não teve completação de vagas, abriu edital com pouco mais 100 vagas, todo voltado para alunos que concluíram ensino médio em escola pública na região da UFDPar", frisou.
Assistência estudantil
O candidato considera que a assistência estudantil por meio de bolsas e auxílios é importante para a permanência dos alunos, mas que, para além disso, é preciso repensar o modelo de ensino-aprendizagem dentro da sala de aula.
"Nós propomos pensar a assistência em dois pilares, a gente pensa que ela é fundamental para a permanência, sem isso o estudante da universidade pública não consegue se consolidar e percorrer com sua trajetória na universidade. Nós defendemos a aprovação de uma lei de assistência estudantil com perspectiva de financiamento para que tenha ai um elemento estruturante para a permanência dos estudante (...) Mas não dá para entender a permanência só com auxílios e bolsas, tem que pensar relacionado ao pertencimento do aluno na universidade, em relação à saúde mental, ao desenvolvimento de novas metodologias de ensino aprendizagem que dialogue com a realidade do estudante pra que possa avançar de maneira mais inclusiva", citou.
Desafios para expansão da universidade
João Paulo Macedo considera que a universidade precisa ter uma ampliação no quadro de pessoal para conseguir expandir em número de cursos, tanto de graduação como de pós, bem como fornecer um melhor trabalho para os cursos que já existem na instituição. Ele aponta a necessidade de liberação de novos códigos de vagas para a instituição.
"Tem que ter duas ações, uma junto ao governo federal para conquistar novos códigos de vaga em lei, para ter planejamento para implementar cursos. Para uma universidade abrir cursos tem que ser pactuado com o MEC. Para isso, tem sim uma proposta de fazer projeto para avaliação dessas demandas, de diagnóstico, da vocação da região, dessa área de abrangência. Essa análise não pode ser feita sem debater com a própria comunidade interna e entender as vocações da nossa região em termos de para onde estão apontando as necessidades de fortalecimento de profissionais para atender as necessidades da região, do próprio estado, mas tem que entender o que está colocado como projeto de desenvolvimento do estado, pro norte do Piauí, para o Governo Federal, para os municípios dos estados do Ceará e do Maranhão. Estamos numa região com indicativo de fortalecimento da ZPE, indicativo de projeto do governo do estado para as energias renováveis, para a própria questão do porto [de Luís Correia], então você tem um conjunto de questões que precisam ser discutidas e orientadas e vai dizer quais cursos", pontuou.
Milka Meireles - Chapa 3
Desafios da UFDPar como universidade regional
Para a candidata da chapa 3, Milka Meireles, é importante o diálogo regional, levando em conta a questão da sustentabilidade. Ela também pontuou a necessidade de se discutir as chamadas cotas regionais, para priorizar a população dos municípios da região no acesso à Universidade.
“Nós entendemos que a universidade tem obrigação de ter esse compromisso com o desenvolvimento regional, obviamente com o olhar da sustentabilidade, não é o desenvolvimento pelo desenvolvimento, mas em diálogo com a comunidade. Em relação à questão da regionalização das vagas das cotas, um desafio que é real: a não ocupação [das vagas] do Sisu. Acreditamos que deve haver alguma alternativa que possa utilizar para garantir a ocupação do Sisu através da regionalização sem tirar o direito das pessoas. Já fizemos reuniões com outras universidades que utilizam cotas regionais. Não temos resposta definitiva, a ideia não é tirar a ampla concorrência, mas dar oportunidade à pessoa daqui”, disse.
Assistência estudantil
A candidata considera que é preciso fazer um diagnóstico para levantar os principais desafios dos estudantes e sugere a definição de um critério que atrele a seleção de estudantes que entram em vagas de cotas por renda às bolsas disponibilizadas na instituição.
“Os alunos têm demonstrado através de levantamento que temos feito, da dificuldade de permanecer nos cursos, e diante disso, pensamos em vários projetos. Um deles, a gente acredita que tem como virar política pública, que é um programa institucional de bolsa permanência para estudantes que entram na universidade por Sisu usando cota por renda. É uma medida interessante para combater a não ocupação do Sisu, porque muitos deles acabam que não se matriculam porque sequer tem possibilidade financeira de entrar na universidade. Outra proposta para combater as vulnerabilidades, ajudar a permanência, é criar o programa institucional de promoção de dignidade social para as meninas terem acesso a absorvente, pessoas que possuem ciclo menstrual que entrem através do Sisu, e se já eram beneficiárias do programa nas escolas públicas, automaticamente já teriam direito a receber absorventes”, pontuou.
Desafios para expansão da universidade
Milka Meireles considera que a universidade precisa pensar de uma forma ampla sobre a expansão com a criação de novos cursos, bem como a ampliação da estrutura física para abrigar as novas formações. Ela cita que alguns cursos já poderiam ter maior facilidade de abertura por terem uma relação direta com outros já existentes.
“A gente acredita que é um momento de expandir a universidade com novos cursos, e se a gente for falar em ideias, propostas, nós consideramos um diálogo com o curso de engenharia de pesca. A ideia de poder propor num futuro breve o curso de engenharia de alimentos, porque consideramos diante desse diagnostico preliminar que tanto é um curso que vai trazer desenvolvimento para a região, como vai aproveitar a estrutura que temos da engenharia de pesca. Outro curso que que a gente pensava em trazer, ainda que não formal, era de direito, educação física, outros cursos da área de humanas. (...) Dentro do ponto de vista operacional, é complicado afirmar em quanto tempo a gente consegue trazer esses cursos, tanto pela questão de pessoal docente, como de servidor técnico também para dar conta, porque a cada curso que se cria, significa que a universidade precisa de cargos com funções gratificadas, que precisa de espaço físico, então precisa estar atrelado a um planejamento de crescimento na estrutura física e humana também”, citou.
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