Foto: CCS / MPPI
Por Adriana Magalhães, com informações da UFPI
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal do Piauí associou a convivência com ambos os pais à redução de estereotipias em criança diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os resultados foram publicados pela revista internacional "Medicina", e se tornou a primeira pesquisa piauiense com a temática do espectro autista publicada na comunidade internacional.
O estudo tem como título “Suporte Parental Associado com a Redução de Estereotipias em Crianças com Transtorno do Espectro do Autismo”. As estereotipias são movimentos repetitivos comuns em pessoas com autismo. Normalmente, acontecem quando a pessoa recebe muitos estímulos ao mesmo tempo, e precisa de ajuda para controlá-los e lidar com determinada situação.
São exemplos de estereotipias: balançar o corpo para frente e para trás; balançar as mãos (também conhecido como “flapping”); girar objetos ou girar em volta do próprio corpo; andar na ponta dos pés, entre outros comportamentos.
A pesquisa foi realizada pelo estudante do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, ao nível de doutorado, Renandro de Carvalho Reis, e orientado pelo professor Kelson James. Duas alunas de orientação de TCC, também, contribuíram com a pesquisa.
Como foi o estudo
O estudo foi realizado com 51 pacientes com transtorno do espectro, sendo três deles do nível 3 e os demais de tipo leve e moderado. "Aplicamos três escalas, uma para avaliar a apatia, outra para avaliar o comportamento social e estimulado estereotipado, e uma terceira para avaliar os medicamentos que os pacientes estavam tomando", explicou o doutorando Renandro de Carvalho.
O estudo também utilizou o Inventário de Comportamentos Sexuais das Crianças (CSBI) e o questionário de ansiedade de Beck. Foram analisadas variáveis sociais e o impacto da convivência de ambos os pais para o desenvolvimento social dos filhos com TEA.
O estudo de observação sobre apatia e interação social entre crianças com TEA foi realizado num centro de reabilitação em uma cidade do nordeste brasileiro utilizando questionário de apatia e questionário Social Communication Questionnaire (SQC), além de um sociodemográfico.
Os resultados da pesquisa revelaram que as crianças que não possuíam a presença dos pais casados apresentavam uma maior média de comportamentos estereotipados, quando comparadas àquelas que possuíam pais casados.
“Em nossa pesquisa pudemos observar aspectos comportamentais de crianças com TEA. Encontramos que crianças que cresciam sem a presença de ambos os pais possuíam um maior escore de comportamentos estereotipados”, contou o pesquisador.
O orientador do estudo, professor Kelson James, acredita que a descoberta pode ser referência para futuros tratamentos no Piauí e no Brasil.
“No Brasil, não temos um número exato de habitantes que são TEA, o que existe são estimativas. Acreditamos que essa pesquisa é importante por ser a primeira publicação internacional sobre o tema no Piauí. Com mais pesquisas, poderemos entender melhor o transtorno e, com isso, desenvolver ferramentas e tratamentos para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas e de suas famílias”, afirmou o orientador do estudo.
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