Por Adriana Magalhães
Oito meses após o feminicídio praticado contra a estudante de jornalismo Janaina Bezerra, o acusado do crime Thiago Mayson da Silva Barbosa, de 28 anos, senta no banco dos réus do Tribunal Popular do Júri em Teresina. O assassinato aconteceu no último mês de janeiro, dentro de uma sala da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
Os pais, as irmãs e outros familiares vestiram camisas com o rosto de Janaína acompanhado de um pedido de justiça. Do lado de fora do Fórum, manifestantes utilizaram carro de som para levar mensagens de apoio à família e de alerta aos gestores públicos e às instituições sobre a morte de mulheres, sobretudo a morte de mulheres negras.
A mãe de Janaina, Maria do Socorro Nunes, falou com a imprensa e relembrou o vazio que a morte da filha deixou em casa.
"Ontem completou oito meses. Eu nunca esqueço da minha filha, mas nestas datas a vida fica mais difícil. A morte dela deixou um vazio dentro da nossa casa, no nosso coração", falou a mãe emocionada.
O único desejo da família é que o julgamento aconteça e que o réu seja condenado. "Eu espero que seja feita justiça. Minha filha precisa disso para descansar em paz", afirma a mãe.
Terceira tentativa de julgamento
O julgamento de Thiago Mayson já foi adiado duas vezes e essa é a terceira tentativa da Justiça. O primeiro estava agendado para 17 de agosto, mas foi adiado após a Universidade Federal do Piauí (UFPI) não ter indicado servidores para participar do Júri Popular. Em nota divulgada à época, a UFPI admitiu que ocorreu um equívoco na distribuição das comunicações e negou que tivesse interesse em ver o julgamento adiado.
A segunda tentativa de julgamento aconteceu no dia 1° de setembro. Mas a defesa de Thiago Mayson pediu um adiamento em virtude da troca de advogado. À época, o advogado Ércio Quaresma Firpe assumiu o caso poucas horas antes da data marcada para o julgamento.
Nesta sexta-feira (29), familiares e amigos de Janaina Bezerra voltaram ao Fórum Civil e Criminal de Teresina e aguardam o julgamento do lado de fora devido à decisão judicial que proíbe que a audiência fosse acompanhada por eles. O Tribunal avalia que por se tratar de crime sexual as cenas que podem ser colocadas vai "revitimizar" a família.
Durante o julgamento, serão ouvidas sete pessoas, entre elas policiais. Uma amiga da vítima que estava com ela na calourada também será ouvida, assim como um amigo do acusado, seguranças da UFPI, um coordenador da universidade e uma perita médica.
Foto: divulgação arquivo pessoal
Janaina Bezerra foi morta em janeiro após calourada nas dependências da UFPI. A estudante de Jornalismo teve as vértebras do pescoço deslocadas. A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontou que ela ainda foi vítima de estupro enquanto estava viva e após a morte. O acusado foi preso horas após o crime. Academicamente, a comissão de sindicância da UFPI concluiu pela expulsão do estudante de mestrado, o que ainda não aconteceu.
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