Foto: Renato Andrade/cidadeverde.com
Por Caroline Oliveira e Tiago Melo
Uma das amigas da estudante Érica Pereira da Costa, morta no acidente com o ônibus escolar em José de Freitas, esteve no velório da amiga e disse que não “aguenta voltar às aulas”, depois da tragédia. Ana Clara Gomes de Oliveira, de 14 anos, contou que elas eram vizinhas e dividiam a mesma sala de aula.
“Eu não vou mais. Não aguento ir para a sala, passar pelo lugar onde aconteceu aquela cena toda, que eu vi tudo. Não aguento! Não tenho como ir mais para a escola”, disse a estudante ainda muito abalada.
Clara conta que era próxima de Érica, as duas pegavam o ônibus escolar juntas e ela estava ao lado da amiga quando o ônibus tombou.
“Estava todo mundo ensanguentado, eu vi sangue na minha mão e depois eu vi minha amiga botando sangue pela boca, e a gente chamava ela e ela não fazia movimento, nada e a gente tentava animar ela várias vezes, mas ela não falava nada, não se movimentava”, contou Ana Clara.
A estudante também lembrou de como a amiga era, uma garota feliz.
“A Érica era uma menina muito alegre, era a amiga mais próxima da gente. Ela nunca mostrava cara ruim para gente, só sorrindo direto. Era uma pessoa muito alegre e muito próxima. Não falava mal de ninguém, só andava sorrindo. Ela era a alegria da gente, lá da escola e de todo mundo" relembra a jovem.
Motorista apressado
Como todos os alunos relataram, a estudante também enfatizou que o motorista do ônibus sempre andava em alta velocidade e já chegou a deixar alunos sem ir para a escola.
“Ele estava tipo com brincadeira, fazendo zigue-zague no ônibus. Acho que ele rodou só para um lado, e aí perdeu o controle, descontrolou e já foi virando. E aconteceu o pior. Ele andava muito rápido. A gente sempre reclamava. Uma vez, ele deixou um amigo meu de escola e tmabém já foi até gente sem almoçar para escola, porque ele não ia esperar, não queria perder nenhum minuto”, afirmou a estudante.
A mãe de Ana Clara, Cláudia Maria Gomes do Nascimento, disse que tanto os pais como os alunos reclamavam, mas nada era feito.
“O que mais me revolta é porque, como eu já falei, para mim era uma tragédia anunciada. Porque a gente reclamava, pedia, a minha filha todos os dias chegava, reclamava, mas o que a gente podia fazer? Repassava para a escola e nada era feito. Isso dependia também da escola tomar essa providência”, declarou Cláudia.
“Infelizmente, uma grande tragédia, que poderia ter sido até maior. E hoje está todo mundo aqui com esse sofrimento, essa tristeza. Porque pelo menos nós temos nossos filhos feridos, mas estão do nosso lado. E a Erica, a minha amiga Dalvane não vai ver a filha dela nunca mais. Gente, é uma tristeza e tanto, a região está toda de luto por algo que deveria ter sido tomada providência”, desabafou.
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