Foto: Arquivo Pessoal
Estudante de escola pública e filho de agricultores, Antônio Apolinário Sousa, de 20 anos, passou em um dos cursos mais concorridos no estado, o de Medicina na Universidade Federal do Piauí (UFPI). Morador da cidade de São Luís do Piauí, a 310 km de Teresina, ao Cidadeverde.com ele deu dicas para quem deseja passar no curso e falou sobre sua rotina de estudos, apostando em vídeos no Youtube, além de afirmar que esse era um sonho não apenas seu, mas de sua família.
Antônio Apolinário sempre estudou em escola pública e entrou na UFPI pelo sistema de cotas. Ele acabou descobrindo que havia passado na vaga tão almejada quando estava trabalhando no dia 12 de julho.
“Onde eu moro, estava tendo festejo, e eu estava trabalhando. Por volta da meia noite, em um grupo do WhatsApp do Pré Emen Seduc, eu vi que um colega me marcou em uma postagem de que eu teria passado para Medicina, a minha reação foi de surpresa, pois a gente sabe que um dia passa, mas não esperava, fiquei feliz e desnorteado. Havia apenas uma vaga no sistema de cotas, e foi a que consegui”, afirmou.
Filho de agricultores, ele disse que sempre recebeu apoio dos pais e que a sua mãe foi a primeira pessoa para quem informou sobre a sua aprovação. “Meus pais são agricultores e nunca estudaram, mas sempre me incentivaram. Eu e meus irmãos a estudar, pois sabiam que o estudo é a porta para a aprovação e a porta para a vida. Eles sempre me incentivaram, sempre amorosos, sempre presentes na minha vida. Eles descobriram que eu tinha passado, quando eu voltava do trabalho, minha mãe estava na porta e foi a primeira pessoa que contei que havia passado em Medicina. Ela ficou muito feliz e orgulhosa. Meu pai também, me deu abraço e foi ali que percebi que havia sim passado em Medicina e que meu sonho vai se concretizar”, declarou.
Antônio Apolinário disse que esse era o curso que tão almejava, por isso se dedicou muito para conseguir a sua aprovação.
“O sonho da minha família era que eu me tornasse médico, e que eu fosse o médico da família, e não é um sonho só meu, mas de todos, pois sabemos que em São Luís os profissionais são escassos, principalmente em Medicina. O meu sonho sempre foi fazer esse curso, sempre busquei ajudar as pessoas e vejo que a Medicina é um meio de ajudar as pessoas no seu bem estar. Acho que é uma área muito humana, principalmente quando o profissional é de bom coração e ajuda muito as pessoas”, destacou.
Foto: CN1
Estratégia nos estudos
Sem dinheiro para poder investir em cursinhos, o estudante apostou em conteúdos disponíveis em livros do ensino fundamental e médio, e principalmente na internet.
“Para estudar eu utilizava o horário de 19h às 23h, porque achava melhor para estudar, pois teria mais silêncio. Usava mais a internet, e lia alguns livros do ensino médio e fundamental. Eu não fiz cursinho, pois não tinha como arcar, e a minha estratégia, era começar dos assuntos mais básicos e seguia até o mais avançado. Em história, por exemplo, começava da pré-história, e ia seguindo a linha do tempo. Utilizava mais a internet, principalmente o Youtube que tem profissionais qualificados. No último ano do ensino médio foi o ano que teve a pandemia e me desestabilizou bastante, porque não podia contar com a ajuda dos professores, então eu conheci o Canal Educação, que é uma plataforma genial, e por ter contato com vários professores, me preparei mais ainda, e depois disso me tornei corretor e monitor de redação no grupo do Prenem Seduc, o que também ajudou”, revelou.
Sobre a redação ele explicou que é importante entender como funciona a estrutura de um texto. “Em relação a redação eu não tinha facilidade, mas depois que compreendi as estruturas da redação, as competências que norteiam o Enem e a produção de redação, as correções se tornaram um hobby para mim”, afirmou.
Para Antônio Apolinário trabalhar o psicológico e evitar comparações com outros estudantes foi essencial para poder ter um resultado positivo.
“A dica que eu dou é se esforçar, focar, ter fé, dedicação, porque você é seu principal inimigo, você precisa vencer você mesmo, porque o psicológico é o principal inimigo que os alunos enfrentam, de acharem que não são capazes de enfrentar um curso concorrido, por se comparar muitas vezes com os que fazem cursinhos e estudam em escolas particulares. A partir do momento que parei de me comparar com outros alunos, e passei a focar em mim mesmo, e vencer as minhas próprias dificuldades, foi quando consegui ser aprovado. Foi difícil, mas um longo processo de autoaprendizado”, declarou.
Expectativa para o curso
Com as aulas iniciando em setembro no campus da UFPI em Picos, ele afirmou ao Cidadeverde.com que está animado com o início de um novo aprendizado.
“A minha expectativa é a maior possível, quero sentir a sensação de estar em uma universidade pública, em um curso que tanto almejava, e as minhas expectativas são grandes. Vou estudar na UFPI, no campus de Picos. A matrícula institucional eu já realizei e ainda falta matrícula curricular, que inicia dia 11 de setembro e as aulas iniciam no dia 25 de setembro”, explicou.
Bárbara Rodrigues
redacao@cidadeverde.com
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