Áudios divulgados pelo ex-deputado estadual do Paraná Antônio Celso Garcia, mais conhecido como Tony Garcia revelam uma conversa que ele teve com o senador Sergio Moro (União-PR), quando o parlamentar ainda exercia atividades como juiz. No diálogo Tony e Moro articulam sobre o que será divulgado na imprensa sobre um julgamento de um caso de fraude no Consórcio Garibaldi, em que o empresário estava como réu e o atual senador era o juiz.
Na legenda do tuíte em que os áudios foram divulgados, Tony escreveu; “Nova conversa confirmada que eu, seu “réu”, tínhamos LIGAÇÕES PERIGOSAS nos bastidores de uma FALSA JUSTIÇA”. O empresário escreveu ainda que moro “foi justiceiro criminoso, jamais juiz”. “Enquanto na magistratura, foi um JUIZ LADRÃO!”, disse.
Tony Garcia tem feito uma campanha contra Sergio Moro nas últimas semanas, alegando que o ex-juiz atuava como um "agente infiltrado" contra os acusados do caso Banestado e dos processos da Lava-Jato. No dia 5 de julho, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, autorizou a Procuradoria Geral da República (PGR) a investigar as declarações feitas pelo empresário.
A assessoria do senador Sergio Moro informou que ele optou por não comentar os áudios divulgados.
As conversas foram dividas em três partes, nas quais Tony expressou preocupação a Moro sobre a possível divulgação de informações a seu respeito na imprensa. Na época, Tony enfrentava acusações relacionadas a uma fraude no Consórcio Nacional Garibaldi, no qual ele era sócio.
Tony ficou detido por 81 dias e, em 2006, foi condenado, porém conseguiu redução da pena para seis anos de serviços comunitários, mediante sua colaboração com as investigações e promessa de indenizar os clientes afetados. Nos áudios, Tony manifestou apreensão com a menção à empresa na qual estava envolvido e questionou sobre o que seria divulgado. Moro respondeu afirmando: "Não vou mencionar o nome da Baltimore".
“Não vai ser tocado em nome de empresa, nada disso? Vai ser tocado no nome da minha pessoa?”, perguntou Tony. “Sim, do que foi decidido. [...] Eu vou divulgar, esse conteúdo eu vou divulgar porque na verdade é um processo que é uma grande publicidade aí por conta da sua exposição pública, né? E assim, acho que tá sendo divulgado porque…”, respondeu Moro.
“Não e matar de uma vez, né?”, interrompe Tony. “Isso”, concordou o ex-juiz. Logo depois, Tony refaz o pedido para que nada seja divulgado “me macule de tal maneira que eu não possa mais trabalhar”. “Para conseguir, inclusive cumprir e deixar esse ônus para Baltimore, que eu não queria”, pediu Tony.
“Eu vou… Eu provavelmente vou divulgar uma informação sucinta (inaúdivel) que foi condenado”, diz Moro. “Tá bom”, respondeu Tony.
Moro continua a compartilhar o que iria fazer para o réu. “Também devo divulgar no caso das condenações termos e provavelmente ter que deixar meio público aí e falar alguma coisa, falar alguma coisa que a pena foi x”, disse Moro.
“Dano, né.. É, alguma coisa que não acabe comigo comercialmente né para eu poder continuar a trabalhar, é só isso que eu tô pedindo para o senhor”, disse Tony.
Ao responder, Moro diz que o réu “pode ficar sossegado”.
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