O gosto pela leitura de um flanelinha em Teresina desperta curiosidade. Diariamente, Francisco Otávio divide a atenção com o livro e os carros de clientes que estacionam próximo à avenida Frei Serafim, uma das principais de Teresina. E foi nesse vai e vem que ele ganhou o primeiro livro, O Guarani, do escritor José de Alencar, um dos clássicos da literatura brasileira que tem o feito repensar, inclusive, a concluir os estudos.
Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com
"Esse livro foi um doutor que me deu. Eu sempre olhava o carro dele e, de tanto ele me ver lendo jornal e qualquer outra coisa, perguntou se eu gostava de ler e me deu. É um livro antigo de José de Alencar e estou gostando muito da história dele. Ele foi jornalista, trabalhou com D.Pedro II e teve uma história muito triste porque morreu muito cedo com 40 e poucos anos. Quando leio sinto muita emoção. Tô fixado e gostei", diz Otávio que tem 35 anos e está lendo o primeiro livro.
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O Cidadeverde.com encontrou Otávio entre as ruas Magalhães Filho e Paissandu, no Centro de Teresina. Ele conta que tem familiares na vizinha cidade de Timon-MA e estudou até o 2º ano do Ensino Médio.
"Parei meus estudos porque gostava de acompanhar parques de diversão e comecei a viajar, ir atrás dos parques. Não queria mais ficar em casa, principalmente, após a morte dos meus avós. Moro na rua e onde o pessoal me dá dormida, eu durmo. Tenho minha redinha lá próximo à estação do metrô, eu ajudo uma pessoa lá e deixa eu ficar e ainda me dá café, almoço e janta", conta Otávio.
Humilde, ele diz que "Deus deu a oportunidade de conhecer as pessoas e que vai seguir sua vida". "Ganho pouco, mas dá para sobreviver. Chego aqui depois de meio-dia e fico até 17h. A vida na rua não é muito boa, tem que saber viver", diz o flanelinha.
Foto: Renato Andrade/ Cidadeverde.com
SONHO DE TERMINAR OS ESTUDOS
Otávio diz que sonha em terminar os estudos para fazer um curso de eletricista. "Nos parques de diversão aprendi a mexer em eletricidade e gostei. Quero fazer um curso nessa área para sobreviver. Desde os 17 anos que trabalho. Meu sonho é terminar os estudos e voltar para casa", disse Francisco Otávio.
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Graciane Araújo
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