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6 de mar. de 2020

Pergunta o que é PIB', ironiza Bolsonaro com humorista fantasiado



O presidente Jair Bolsonaro ironizou o aumento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado, resultado que representa o terceiro ano seguido de crescimento fraco da economia brasileira. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4) pelo IBGE.

Na entrada do Palácio da Alvorada, onde cumprimentou um grupo de apoiadores, ele foi questionado pelos jornalistas sobre o PIB.

O presidente não quis comentar e pediu para que um humorista, que o acompanhava na porta da residência oficial, respondesse aos veículos de imprensa.

"PIB? PIB? O que que é PIB? Pergunta o que que é PIB ", disse Bolsonaro ao comediante Márvio Lúcio dos Santos Lourenço, da TV Record, conhecido por interpretar o personagem Carioca.

Os jornalistas presentes insistiram, mas o presidente se negou a responder e, minutos depois, deixou o local.

Em 2017 e em 2018, a primeira divulgação do PIB mostrou expansão de 1,1%. Posteriormente, os dados foram revisados para 1,3%. Em 2015 e 2016, houve queda no PIB.

No fim de 2019, economistas previam PIB de 1,17%, segundo o Boletim Focus, mas essa projeção havia caído levemente para 1,12% no relatório mais recente. Mas, no início da gestão Bolsonaro, a projeção era de uma alta de 2,55% segundo o mercado.

Integrantes da equipe econômica chegaram a trabalhar com a perspectiva de crescimento de 3% em 2019, considerando o andamento das reformas, em particular o avanço da reforma da Previdência. Mas recentemente também reduziu a projeção ficando em linha com o mercado.

Conforme o jornal Folha de S.Paulo publicou recentemente, diante de um pessimismo com a redução da projeção do PIB, o presidente reforçou a Guedes a necessidade de que, neste ano, a atividade econômica cresça, no mínimo, 2%.

Como resposta, o ministro afirmou que será possível atingir, ou até superar, o percentual. No entanto, a resposta não tranquilizou o presidente.

Nesta quarta, o presidente ofereceu a estrutura oficial da Presidência da República para que o humorista fizesse uma performance na entrada da residência oficial, com ofensas aos jornalistas presentes.

Fantasiado de Bolsonaro, o comediante desceu de um carro que acompanhava a comitiva presidencial fantasiado de presidente.

Com um cacho de bananas, ele ofereceu a fruta para os profissionais da imprensa. Diante do gesto, os jornalistas presentes se retiraram da encenação.

A atitude foi uma referência ao fato de o presidente ter cruzado os braços com as mãos fechadas, dando uma banana para os jornalistas, no mês passado, quando se irritou com a cobertura da imprensa.

A performance foi transmitida ao vivo pela Presidência da República, nas redes sociais do presidente. O chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), Fabio Wajngarten, estava junto com o humorista no carro da comitiva. Ele riu da performance.

Em fevereiro, a Polícia Federal abriu inquérito contra Wajngarten para investigar supostas práticas de corrupção passiva, peculato (desvio de recursos por agente público) e advocacia administrativa (patrocínio de interesses privados na administração pública).

'Pergunta o que é PIB', ironiza Bolsonaro com humorista fantasiado de presidente. Reprodução


Em janeiro, a Folha de S.Paulo revelou que Wajngarten é sócio de uma empresa, a FW Comunicação, que recebe dinheiro de emissoras de televisão, entre elas a Record, que são contratadas pela própria Secom.

Um levantamento promovido pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) apontou que, no ano passado, o presidente foi o responsável por 121 dos 208 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas compilados no Brasil.

Ainda segundo a entidade dos jornalistas, o Brasil registrou em 2019 um aumento de 54% nesse tipo de ataque físico ou moral contra profissionais ou veículos de comunicação, na comparação com 2018, quando foram anotados 135 casos.

Ao chegar no Palácio da Alvorada no final da tarde desta quarta, Bolsonaro foi novamente questionado sobre o resultado do PIB. Ele disse esperar que o desempenho no próximo ano seja melhor, apesar dos possíveis impactos do surto de coronavírus sobre a economia nacional.

"Baixou um pouquinho em relação ao [governo do ex-presidente Michel] Temer, mas nós estamos com o melhor semestre desde 2013", disse o mandatário, que citou também o fato de a variação do PIB ter sido negativa em 2015 e em 2016.

Ele também foi perguntado sobre o fato de o índice estar abaixo das expectativas iniciados do governo.

"Eu sempre falo: bota a expectativa o mais baixo possível para não ter esse tipo de pergunta", declarou.

Fonte: folhapress

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