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25 de mar. de 2020

Atletas celebram sensatez em adiamento da Olimpíada de Tóquio

O adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021, anunciado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pelas autoridades japonesas nesta terça-feira (24), repercutiu positivamente entre atletas e comitês olímpicos nacionais.
Eles vinham pressionando os organizadores nos últimos dias, já que a preparação para o evento, com a impossibilidade de uma rotina normal de treinos e a incerteza com relação a torneios classificatórios, estava sendo muito prejudicada em razão da pandemia da Covid-19.
Bicampeão e maior medalhista olímpico da história do país (dois ouros, duas pratas e um bronze), o velejador Robert Scheidt, 46, comemorou o adiamento. Classificado para os Jogos, ele participará de sua sétima Olimpíada.
"A decisão de adiar os Jogos Olímpicos para 2021 é a decisão correta. Infelizmente, o mundo está vivendo um momento muito triste, e acho que a prioridade hoje é a saúde. Considerando a saúde dos atletas e a de todos os envolvidos na organização da Olimpíada, considerando também a possibilidade de se preparar de maneira igualitária, o caminho do adiamento é o caminho correto. Tenho certeza que Tóquio estará mais motivada que nunca para entregar uma grande Olimpíada", afirmou Scheidt.
Dono de 24 medalhas paraolímpicas, 14 delas de ouro, o nadador Daniel Dias, 31, também comemorou a mudança. O atleta nascido em Campinas fará em Tóquio sua quarta participação em Paraolimpíadas.
"Japão, te vejo em 2021! Obrigado COI pela sábia e sensata decisão. Fico mais tranquilo e motivado para participar destes Jogos em Tóquio", escreveu o atleta no Twitter.
Favorita a uma medalha no Japão, a skatista Pâmela Rosa, líder do ranking mundial na categoria street, fez coro à decisão pelo adiamento dos Jogos. O skate fará na Olimpíada de Tóquio a sua estreia no evento, com a atual campeã do mundo de street entre as favoritas na modalidade.
"Acho que foi a melhor decisão, adiar para 2021. A gente tem que pensar coletivo e o momento é esse, de ficar em casa e se cuidar. Esse coronavírus não é algo fácil de lidar. Sei que tudo isso vai passar", disse a skatista.
Pâmela, assim como vários outros atletas, estão procurando se adaptar a uma rotina de treinos distinta da que estava planejada para os meses que iriam anteceder a competição.
As diferentes recomendações governamentais de um país para outro poderiam criar desigualdade na preparação, favorecendo indiretamente uma equipe ou outra, de acordo com as limitações que cada nação está enfrentando durante a pandemia.
Foi justamente sob o argumento de uma melhor e mais justa preparação que a jogadora de handebol Duda Amorim comemorou o adiamento.
"Tinham muitos atletas pressionando e muitas federações. Primeiro é a parte da saúde e depois a parte da preparação, porque ninguém está conseguindo se preparar direito. Se fossem acontecer agora [em 2020], esses Jogos seriam apenas simbólicos", afirmou Duda, campeã do mundo com a seleção brasileira em 2013.
"Eu, por exemplo, já estou há uma semana e meia sem treinar. Tem atletas que já estão há muito mais tempo. É muito ruim para nós, que temos uma rotina de treinos de segunda a sábado, oito horas por dia", diz a ginasta Flávia Saraiva, que tem feito exercícios físicos em casa.
A notícia do adiamento também repercutiu entre atletas importantes de outros países, favoráveis à mudança nas datas do evento.
Pentacampeã olímpica, a jovem nadadora norte-americana Katie Ledecky, 23, comemorou o fato de que poderá perseguir novas medalhas em sua segunda Olimpíada, mas destacou o trabalho feito ao redor do mundo para tentar conter o coronavírus, motivo do adiamento dos Jogos de Tóquio.
"No momento em que estamos juntos para enfrentar os desafios de hoje, podemos sonhar com uma linda Olimpíada em um belo país. Agora é hora de apoiar todos os que estão trabalhando para curar os doentes e manter todos nós saudáveis", escreveu Ledecky no Twitter.
Com o anúncio em conjunto feito pelo COI e pelo governo japonês nesta terça, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) se pronunciou a respeito da medida adotada pelas autoridades e disse que recebeu a notícia com alívio.
“Sempre tivemos confiança de que o presidente Thomas Bach seria capaz de liderar com serenidade e segurança o Movimento Olímpico nesse momento histórico. Os atletas são o centro das preocupações do COB e do COI e, por isso, a comunidade olímpica do Brasil está bastante satisfeita com a decisão”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley, em nota.
Presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, entidade que já na última sexta (20) havia se posicionado a favor do adiamento do evento, Mizael Conrado também celebrou a decisão tomada pelos organizadores dos Jogos.
"O Comitê Paralímpico Internacional, o Comitê Organizador dos Jogos e o primeiro-ministro japonês nos fazem sentir orgulho de pertencer ao movimento esportivo. Eles nos mostram que os valores do esporte são preservados, e o ser humano, de acordo com esses valores, está sempre em primeiro lugar", disse o dirigente.
O COI e o governo japonês ainda não estabeleceram uma data exata para a realização dos Jogos. A única sinalização das entidades é de que o evento deverá acontecer, no máximo, até o verão de 2021 no hemisfério norte (junho a setembro).
Fonte: Folhapress

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