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10 de jan. de 2019

Com legitimidade contestada, Maduro assume segundo mandato como presidente da Venezuela

Nicolás Maduro, no dia de sua primeira posse como presidente da Venezuela, em 19 de abril de 2013, ao lado de Cilia Flores — Foto: Ariana Cubillos/APNicolás Maduro assume nesta quinta-feira (10) seu segundo mandato como presidente da Venezuela, quase oito meses após vencer, com quase 70% dos votos, uma eleição fortemente boicotada pela oposição e acusada de irregularidades.
Seu novo mandato não terá o reconhecimento da Assembleia Nacional venezuelana e de diversos países, entre eles os EUA, o Canadá, e do Grupo de Lima, do qual o Brasil faz parte. O Peru, outro membro do grupo, chegou a proibir a entrada de Maduro, seus familiares e da cúpula de seu governo no país.O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante entrevista coletiva no Palácio Miraflores, em Caracas, na quarta-feira (9) — Foto: Yuri Cortez/AFP
Ele conta, porém, com o apoio do Supremo venezuelano, que irá conduzir sua posse em uma cerimônia a partir das 12h, pela hora de Brasília, e a “lealdade absoluta” da Força Armada Nacional Bolivariana, declarada pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino.
Contrariando a Constituição, a posse não terá um juramento do presidente perante a Assembleia Nacional: assim como o órgão não reconhece a legitimidade de sua eleição, ele também não aceita sua autoridade, e considera que o parlamento, controlado pela oposição, está em “situação de desacato”.Nicolás Maduro, no dia de sua primeira posse como presidente da Venezuela, em 19 de abril de 2013, ao lado de Cilia Flores — Foto: Ariana Cubillos/AP

Primeiro mandato

O ex-motorista de ônibus Nicolás Maduro se tornou presidente interino da Venezuela em 2012, durante os últimos meses de vida de Hugo Chávez, de quem é considerado herdeiro político e foi chanceler e vice-presidente.
Indicado por Chávez, ele venceu sua primeira eleição presidencial em 14 de abril de 2013, 40 dias após a morte do líder. Naquela ocasião, venceu por uma margem de 1,59 ponto percentual o candidato oposicionista Henrique Capriles, que não reconheceu a derrota e pediu recontagem de votos. Sua primeira posse foi em 19 de abril do mesmo ano.

Crise

Mas, além de não ter o mesmo carisma e apelo popular de Chávez, Maduro também enfrenta problemas que seu antecessor não conheceu, graças principalmente à crise do petróleo que afetou profundamente o país. A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo — e o recurso é praticamente a única fonte de receita externa do país.O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ao lado de seu então vice-presidente, Nicolás Maduro, em dezembro de 2012 — Foto: Marcelo Garcia / Miraflores Press / AP Photo
Como lembra a BBC, entre 2004 e 2015, nos governos de Hugo Chávez e no início do de Nicolás Maduro, o país recebeu US$ 750 bilhões provenientes da venda de petróleo. O governo chavista aproveitou essa chuva dos chamados “petrodólares” para financiar de programas sociais a importações de praticamente tudo que era consumido no país.
Mas, em 2014, o preço do petróleo desabou. Além de receber menos dinheiro por seu principal produto, a Venezuela também teve uma queda significativa na produção.
O Estado ainda viu seus gastos públicos aumentarem para conseguir manter os programas sociais. A dívida externa aumentou em cinco vezes.
Ao tentar supervalorizar a moeda venezuelana, o governo provocou distorções de valores que, além de causarem a crise de desabastecimento, contribuíram para um cenário de hiperinflação.
Para tentar conter uma inflação prevista de 1 milhão por cento ao ano, em agosto de 2018 o governo lançou um pacote econômico, incluindo entre as medidas o corte de cinco zeros da moeda local, que passou a se chamar bolívar soberano, e um novo câmbio, que previa 96% de desvalorização da moeda do país.

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