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2 de set. de 2017

Temer atira antes como antídoto contra nova denúncia

Surpreendeu ontem a nota divulgada pelo Palácio do Planalto contestando a delação do doleiro Lúcio Funaro. Surpreendeu duplamente: pela nota em si, já que desqualifica um fato ainda não conhecido; e pela extensão e tom agressivo da mensagem.
Há claramente um esforço de qualificação do conteúdo da delação, que muitos consideram de potencial explosivo, diante da relação que Funaro tinha com o núcleo do chamado “PMDB da Câmara”. Avalia-se que tenha detalhes sobre recebimentos de propinas e depósitos em contas de terceiros.
Vale lembrar, o tal “PMDB da Câmara” costuma ser associado a um seleto grupo de políticos com enorme poder dentro do governo desde os tempos de Lula e Dilma. Aí estariam Eduardo Cunha, Gedel Vieira e o próprio Michel Temer.
Na nota, o Planalto fala de “suposta segunda delação”, lembrando que Funaro já havia feito delação antes, no caso do Mensalão. Mas a ideia de “suposição” logo é deixada de lado quando o texto ataca o conteúdo daquilo que não se conhece, pelo menos publicamente. Diz por exemplo, que a delação traz “inconsistências e incoerências próprias de sua trajetória de crimes”. E afirma que tudo não passa de “ficções e invenções”.
O texto também lança petardos contra o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, ao dizer que tudo se resume à “vontade inexorável de perseguir o presidente da República” capaz de transformar o criminoso Funaro “em personagem confiável”. A mudança de status de Funaro é ironizada: “do vinagre, fez-se vinho”. Coroa a chuva de insinuações com uma pergunta: “Quem garante que, ao falar ao Ministério Público, instituição que já traiu uma vez, não o esteja fazendo novamente?”
O inusitado da resposta ao conteúdo de uma delação que ainda não se conhece tem uma explicação: vem chumbo grosso. E esse chumbo grosso tem tudo para se transformar na base de uma possível segunda denúncia a ser oferecida por Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer.
Tal situação tende a mudar as perspectivas, já que após a primeira denúncia avaliava-se que uma segunda acusação a ser feita por Janot não teria a força da primeira, lastreada nas delações da JBS. Funaro pode ter dado a consistência que já não se divisava no horizonte do restante de mandato do Procurador Geral – ele tem mais 15 dias no cargo.
Daí, a nota de Planalto é uma espécie de antídoto, um esforço para reduzir o impacto da bomba que estar por vir e tentar que os fragmentos da explosão não afetem tão seriamente o presidente Temer. O problema é que a estratégia termina por revelar tanto a força da delação quanto o temor dos que possam nela estar citados.
A situação lembra até a história do garoto que quebrou o jarro grande da casa, justo o preferido da mãe. Quando a mãe chega do trabalho e chama o garoto, antes que ela diga qualquer coisa ele já se antecipa:
? Não fui eu não!

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