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2 de jun. de 2017

18 cidades de Alagoas e Pernambuco estão em emergência por seca e chuva ao mesmo tempo

De um dia para o outro, famílias que dependiam de caminhão-pipa para ter água em casa perderam tudo o que tinham para as enchentes. O governos dos estados de Alagoas e Pernambuco já tinham decretado situação de emergência por causa da seca em dezenas de cidades. Agora, 18 delas entraram também para as listas de municípios em situação de emergência por conta das chuvas das últimas semanas, que deixaram 85 mil desabrigados nos dois estados.
O reconhecimento de emergência é feito por decretos dos governos estaduais, e permite que o município tenha acesso a recursos destinados a mitigar os impactos de desastres naturais. Como cada desastre tem um leque de auxílios específicos, um decreto de emergência por conta de chuvas não anula um de secas.
Pernambuco vive o sexto ano consecutivo de estiagem. Em abril, o governo do estado decretou emergência por conta da seca em 56 cidades. Três estão no decreto que reconhece emergência por conta das chuvas em 24 cidades, assinado pelo governador Paulo Câmara (PSB) na última terça-feira (30).
Caruaru é uma delas. Um dos moradores, Ivanildo Pereira dos Santos, de 72 anos, dividia com os vizinhos os R$ 200 cobrados por caminhões-pipa todos os meses. Agora, as chuvas das últimas semanas trouxeram um prejuízo extra: a água invadiu a casa do aposentado e destruiu parte dos móveis.
"Aqui pegou muita água, foi quase meio metro da nossa casa. Perdemos praticamente tudo. A gente se sente abandonado aqui, o poder público aqui não chega.”
“Qualquer chuva aqui é uma agonia, com os esgotos que acabam estourando também", disse o idoso, que vive no bairro José Carlos de Oliveira.
E água nas torneiras? Nada até agora. Mesmo com a barragem do Prata, principal manancial da cidade, subindo de 9% para 50% da capacidade, a distribuição não foi normalizada na cidade. A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) afirma que faz estudos para rever o racionamento.
A dona de casa Maria José da Silva, de 65 anos, disse que o dinheiro gasto com a compra do caminhão-pipa pesa no orçamento e que a família vai passar por dificuldades para reorganizar a casa. "Não perdi mais coisas com a chuva por causa de um filho, que chegou a tempo e conseguiu levar o que podia. Mas a minha família não tinha uma cama, eu dei a ela, e agora não tem mais", contou.
De acordo com a prefeitura de Caruaru, mais de 200 ruas foram danificadas. Cerca de 20 árvores de grande porte destruíram veículos estacionados e interditaram ruas. Parte do teto da maternidade Casa de Saúde Bom Jesus desabou, comprometendo as cirurgias eletivas, e mais de 20 unidades do Programa da Saúde da Família tiveram infiltrações, avarias e alagamentos.

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