A arqueóloga Niède Guidon disse, em entrevista ao O Estado de São Paulo, neste domingo (28) que, caso os recursos financeiros para o Parque Nacional Serra da Capivara não forem repassados até a próxima quarta-feira (31), ela irá em setembro para Paris avisar, pessoalmente, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que "não há mais condições de manter o Parque funcionando".
“Se os recursos não chegarem até o dia 31, irei a Paris em setembro avisar a Unesco que não há mais condições de manter o Parque em funcionamento”, disse Niède.
Ao Cidadeverde.com, Niède declarou que "está aguardando vê o que o Brasil vai decidir porque assim continuar. O Parque está sem nenhum funcionário, completamente abandonado. Tem muita coisa prometida, mas até hoje nada chegou. Vamos ver. Se chegar a gente volta ao trabalho se não, não tem outro jeito", disse.
Quanto a liberação do dinheiro emergencial, ela falou ao Estado de S. Paulo que "se chegar até o dia 31, continua com os funcionários que estão no parque, que são poucos". Atualmente, o Parque conta com apenas 30 dos 270 funcionários. "Hoje nós estamos com as contas zeradas. E agora, até o dia 1º, todos os funcionários, não estão nem trabalhando no Parque porque não temos dinheiro nem para combustível, para nada, estão todos em suas casas, com aviso prévio. No dia 1º nós teríamos de pagar a indenização de todos eles", disse ao jornal.
"O parque é muito grande. É um patrimônio da humanidade, tem mais de 700 sítios com pinturas, 450 km de estradas para poder ir a todos esses sítios para proteger as pinturas, tirar ninhos de abelhas, cupins, água que escorre por cima das pinturas. É uma obrigação do governo federal manter esse patrimônio da humanidade. É uma exigência da Unesco. Sempre fizemos isso. Mas atualmente não estamos podendo fazer", acrescentou.
Em reunião emergencial com o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, o governador Wellington Dias (PT) e a vice Margarete Coelho (PP) foi acordado o anunciou de medidas para evitar que o parque Nacional Serra da Capivara seja fechado. A reunião aconteceu em Brasília no dia 23 de agosto.
A reportagem também destacou um protestos realizado na última sexta-feira (26) pelos funcionários do Parque contra o fechamento, as constantes demissões e o possível afastamento da professora Niède frente ao Parque, que é administrado pelo Fundação Homem Americano (Fumdham), da qual faz parte.
Em entrevista, um guia de visitas relatou que a situação é preocupante. Das 27 guaritas de controle de acesso, só em três há vigilantes. “E isso é um perigo, porque há caçadores que entram para abater animais na área”, relatou.
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