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29 de ago. de 2016

CRM faz indicativo de interdição em hospital de Redenção do Gurguéia

O Conselho Regional de Medicina do Piauí – CRM-PI e a Associação Médica Brasileira Secção Piauí – AMB – PI realizaram indicativo de interdição no hospital público municipal de Redenção do Gurgueia (691 km de Teresina). O prazo para que as melhorias sejam providenciadas é de 30 dias. Caso a Secretaria Municipal de Saúde do município não cumpra as exigências imediatas, a unidade de saúde será interditada eticamente, ou seja, os profissionais médicos não poderão atuar.
As entidades estiveram no final de semana no extremo Sul do Piauí e constataram que no município - cujo prefeito esteve recentemente preso, por suspeita de corrupção - apresenta sistema de saúde extremamente precário. O CRM-PI e AMB fizeram vistoria fizeram vistoria na última sexta (26) quando foram constatadas graves irregularidades.
A primeira irregularidade foi identificada na fachada, onde o estabelecimento de saúde consta como Hospital de Pequeno Porte. Segundo o CRM, o local não pode funcionar sequer como Unidade Básica de Saúde deveria ser, devido à ausência de fichas de atendimento, farmácia, vacinas, curativos, sala de inalação, equipamentos de reanimação cardiopulmonar e por não realizar procedimentos básicos necessários. 
O CRM informou que no local há somente um profissional médico que presta o atendimento durante a sexta-feira à tarde e há relatos de que, às vezes, o profissional não aparece nesse dia da semana. Não há responsável técnico, o que é obrigatório pelas normas de Saúde, não consta escala médica e, portanto, o CRM-PI irá encaminhar aos responsáveis pela saúde de Redenção do Gurguéia documento de Indicativo de Interdição Ética. 
Redenção do Gurguéia conta com uma população de aproximadamente nove mil habitantes e o que foi observado é que os dois estabelecimentos de saúde visitados – o hospital e a Unidade Básica de Saúde (UBS) não oferecem as mínimas condições de prestar um atendimento digno de saúde para a população. Por outro lado, em Monte Alegre, município vizinho, distante 18 km de Redenção do Gurguéia, com aproximadamente cinco mil habitantes, houve uma surpresa agradável da fiscalização.
Foi vistoriada a Unidade Mista de Saúde Anfrísio Neto Lobão Castelo branco, onde foi evidenciado constar de todos os requisitos para prestar um bom atendimento, tais como: quatro médicos plantonistas todos os dias da semana, diurno e noturno, estrutura física adequada, enfermarias e consultórios, centro cirúrgico, sala de parto e pós parto com boa estrutura e climatizadas, serviço de fisioterapia, de ultrassonografia, eletrocardiograma, centro cirúrgico, sala de pré parto e parto funcionando, cozinha, lavanderia, equipamentos de RCP, com exceção de desfibrilador e cardioscópio, os quais o CRM-PI já notificou a unidade para que faça a aquisição em curto prazo.
Também foram fiscalizados os municípios de Gilbués e de Corrente, este a cerca de 830 km de Teresina. Em Gilbués, a fiscalização registrou que há apenas um posto de atendimento básico e os casos mais complexos são encaminhados para outros municípios, especialmente para Monte Alegre, onde o hospital encontra-se sobrecarregado decorrente da má gestão administrativa da cidade vizinha e também de Redenção do Gurguéia.
Em Corrente, o hospital João Pacheco Cavalcante, que deixou de ser regional e passou a ser estadual, conta com boa estrutura, o grande problema é a falta de ambulância de porte avançado na cidade para fazer o deslocamento de pacientes graves, uma vez que o hospital não conta com estrutura de UTI para atender esses casos e também a falta de trombolíticos, que são drogas utilizadas em pacientes infartados.
Segundo o presidente do CRM-PI, que participou das fiscalizações, Emmanuel Fontes, “apesar de Monte Alegre ter um fundo de participação menor, portanto menos verbas, observa-se que quando os recursos públicos são bem geridos o grande beneficiário é a população, que desfruta de bons serviços de saúde. No entanto, em municípios como Redenção do Gurguéia e Giubués a falta de resolubilidade na saúde pública nos levam a tomar medidas mais enérgicas que venham a melhorar a saúde, assim como conseguimos que ocorresse em Parnaíba e até em Picos, onde a situação já foi muito pior do que hoje”, explicou.

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